quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Brilhante



FC PORTO vs PARIS SG (1-0)

A forma como o FC Porto defrontou ontem, em sua casa, um dos novos ricos do futebol europeu foi um hino ao futebol positivo e uma vitória do futebol a sério contra o negócio do futebol. O FC Porto pode não ter a conta bancária recheada de milhões vindos de um qualquer "Nasser", mas, ao contrário do PSG, tem uma história que faz dele o terceiro melhor clube do mundo da última década em termos de resultados desportivos. Todo esse palmarés, toda essa história e todo esse orgulho "tripeiro" fizeram-se sentir durante 90 minutos, da bancada ao relvado, no Estádio do Dragão. 

Desde o primeiro minuto de jogo se percebeu que a equipa portuguesa pretendia mostrar aos homens da cidade da luz que o Dragão queria mandar. O FC Porto entrou muito forte, muito pressionante, com um meio campo rico em mobilidade, agressividade, confiança e, acima de tudo, vontade de se redimir perante os adeptos do desastre de Vila do Conde. Com uma entrada tão forte da equipa da casa, os franceses cedo se mostraram assustados e engolidos pela organização e competência portista. Os dragões souberam explorar os pontos fracos do PSG - Varela, Alex Sandro, James e Moutinho fizeram a cabeça em água aos defesas franceses - e souberam, dentro dos possíveis, anular os elementos do adversário que são capazes de desequilibrar - só em dois erros portistas o PSG criou algum perigo. A exibição personalizada e provocadora - como disse e bem Vítor Pereira -
do FC Porto só não foi perfeita porque a eficácia na hora de atirar à baliza não acompanhou o brilhantismo com que a equipa construía as suas jogadas de ataque. O intervalo chegou com um 0-0 tremendamente injusto.

Se na primeira parte se assistiu a um FC Porto dominador e um PSG completamente impotente perante a supremacia dos azuis e brancos, a segunda parte trouxe uma equipa francesa ainda mais perdida e refém de um possível lance genial de uma das suas estrelas. Nem isso correu bem. A segunda parte da equipa portuguesa voltou a ser de enorme qualidade, embora a velocidade fosse desaparecendo a pouco e pouco. Aqui entrou Vítor Pereira - podia-o ter feito mais cedo - que trocou um cansado Varela - fez uma exibição a lembrar o Varela da primeira época - e colocou em campo um irreverente Atsu que voltou a trazer velocidade à equipa e a colocar a defesa francesa em claro sinal de alerta. A partir deste momento, o jogo foi todo do FC Porto e o resultado só tardava em ganhar expressão porque na hora da verdade os portistas continuavam a não acertar com a baliza ou viam Sirigu - foi o melhor do PSG - negar-lhes as intenções. Com o passar do tempo, ia crescendo a ansiedade na bancada e aterravam no meio dos adeptos portistas alguns fantasmas da época anterior. Mas uma exibição assim não podia ficar em branco e o novo rico PSG não merecia levar qualquer ponto para França. Por isso, quando James Rodriguez conseguiu - finalmente - bater Sirigu aos 80 minutos, o estádio explodiu de alegria. O jogo estava fechado, o FC Porto merecia vencer e o resultado só pecava por escasso.
 
No final, destaque para a brilhante exibição do campeão nacional, que mostrou conhecer na perfeição esta equipa do Paris SG - mérito para o treinador Vítor Pereira. O FC Porto soma agora 6 pontos em 2 jogos e deu um passo de gigante rumo aos oitavos de final e, quem sabe, ao primeiro lugar do grupo. Os franceses provaram apenas que os muitos milhões à disposição podem comprar e sustentar grandes estrelas, mas não compram a história, a experiência e muito menos a mística dos míticos clubes europeus. Afinal ainda há futebol no futebol!

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