domingo, 7 de setembro de 2014

Mercado dos Grandes - FC Porto



Depois daquela que foi a pior época desportiva dos últimos 30 anos no Dragão, Pinto da Costa desenhou a maior revolução de sempre no futebol azul e branco... e revolução não é de todo um termo exagerado. Muita coisa mudou no clube da invicta, desde o plantel à equipa técnica, até às responsabilidades do treinador na estrutura e o seu poder nas decisões de mercado (algo que não acontecia possivelmente desde Mourinho). Tudo começou com a contratação (bem cedo) do treinador Julen Lopetegui a quem foi oferecido um contrato de três anos (logo aí se começaram a notar as diferenças)... o FC Porto não queria apenas um treinador mas sim um "manager" para redefinir o seu futebol profissional e trabalhar não só no presente mas num futuro a médio/longo prazo, o que explica também a contratação de alguém com o perfil de Julen Lopetegui, com provas dadas no trabalho com jovens (campeão do Mundo pelas selecções de base espanholas) e com fama de conhecimento, exigência, rigor e disciplina dentro e fora das quatro linhas (até Quaresma já sentiu isso na pele). Mas se Julen Lopetegui traz isso tudo ao Porto, a sua qualidade e verdadeira capacidade para agarrar este projecto é ainda uma incógnita (pese embora o promissor início de temporada) pois o espanhol nunca trabalhou como treinador num clube grande e não tem mesmo experiência relevante no futebol sénior ao nível dos clubes. Apesar do projecto ser a médio/longo prazo (o contrato de três anos e as palavras do presidente mostram isso), num clube como o FC Porto é obrigatório vencer e estar dois anos sem o fazer poderá ser incomportável, pelo que o futuro do clube tem obrigatoriamente que começar já no presente... e esse presente significa uma enorme pressão sobre o treinador.

Para que a revolução e o regresso às vitórias fosse uma realidade alcançável o FC porto precisava de uma autêntica renovação no seu plantel. Era notória a existência de jogadores insatisfeito e ainda mais notória a existência de jogadores que, pese embora a humildade e o voluntarismo (até algum portismo), não tinham qualidade para um clube de tamanha dimensão. Partindo deste pressuposto, o clube concretizou um número de contratações que bate todos os recordes azuis e brancos e com a ajuda do treinador, dos seus contactos e influências trouxe para o Dragão jogadores com o reconhecimento internacional e a qualidade de Oliver, Tello, Adrian Lopez ou Brahimi, contornando as exigências financeiras do mercado com alguns empréstimos (uns com e outros sem opção de compra), também isso uma novidade na realidade azul e branca. A verdade é que Julen Lopetegui escolheu os jogadores que, na sua opinião, precisava para construir um FC Porto mais forte. Pinto da Costa fez questão de lhos oferecer, nem sempre as primeiras opções do espanhol (algumas eram mesmo impossíveis) mas ainda assim opções de qualidade suficiente (e quantidade também) para se poder afirmar que o FC Porto tem, apesar da saída de jogadores do talento de Mangala e Fernando, o melhor plantel dos últimos anos e que Lopetegui é possivelmente o treinador portista da última década com maior responsabilidade de sucesso. Mais não seja tem um plantel novo em folha todo ele (ou quase todo) escolhido a dedo por si, jogador por jogador, posição por posição. Julen Lopetegui tem em mãos um plantel bastante equilibrado (coisa que há uns anos não se via no FC Porto), repleto de opções de grande qualidade (não é a toa que já vimos no banco gente como Quintero, Casemiro, Adrian, Quaresma e até Tello) e capaz de fazer frente a todas as exigências de uma longa e desgastante temporada. O grande desafio do espanhol está agora em saber "domar" todo este talento e todos estes egos e saber gerir as ambições de um plantel tão jovem, com tanta qualidade e margem de progressão. Tem a palavra o espanhol, que já mostrou não olhar a valores, salários, nacionalidades ou idades para construir a sua equipa.

Apesar da saída de dois jogadores fundamentais, o FC Porto corrigiu as principais lacunas do seu anterior plantel (concorrência nas laterais, alternativa válida ao ponta de lança e opções nas alas) e assegurou a permanência de Jackson Martinez, que se tornou numa das grandes "contratações" do defeso portista. O FC porto tem este ano mais e melhores opções e está por isso no topo dos favoritos a vencer o título (a par do SL Benfica), mas o favoritismo tem de ser comprovado dentro do campo e é isso que irá definir o futuro deste novo projecto portista e até mesmo do seu treinador, pois é impossível manter um plantel desta dimensão e com jogadores desta qualidade sem títulos conquistados e sem glória. 

Falando no mercado portista é impossível não falar em Rúben Neves. Numa altura em que o jogador português escasseia (no porto há apenas quatro) e até mesmo a selecção vive um dos períodos mais negros, o aparecimento de um miúdo da formação (tem apenas 17 anos) com tanto talento e maturidade é uma lufada de ar fresco para o nosso futebol. É nestes miúdos que precisamos apostar e Rúben Neves pode ser um exemplo de que a aposta na formação vale a pena. Estes jovens jogadores portugueses só precisam de confiança e de alguém que aposte verdadeiramente neles, até porque muitas vezes têm o lugar tapado por outros que não lhes são em nada superiores. Talvez Rúben tenha tido a sorte de aparecer no Porto na altura certa e principalmente com o treinador certo!


  


Mercado dos grandes - Sporting CP



Dos três grandes clubes nacionais o Sporting CP era claramente aquele que precisava de mais e melhores reforços mas, apesar de ter sido o dono da contratação mais mediática do mercado nacional, foi aquele que menos e pior se reforçou. Nem é que o Sporting CP tenha comprado poucos jogadores, mas a verdade é que não adquiriu nenhum (excepção feita a Nani) para se afirmar no onze inicial, tornando-o mais forte do que em épocas anteriores. Depois de uma época de sucesso e muito bem conseguida com Leonardo Jardim ao leme, o clube leonino que até teve ambição e olho para a escolha do novo treinador, precisava de dotar de mais qualidade um plantel que fica claramente abaixo do dos seus rivais (o início de época já está a mostrar isso). Para "imitar" o ano passado era preciso mais e melhor do mercado e para fazer ainda melhor, assumindo-se como claro candidato ao título, o jovem Marco Silva precisa de operar um autêntico milagre com aquilo que tem em mãos.

Em relação à época passada o Sporting CP viu sair apenas um jogador da sua estrutura base (Marcos Rojo) e com algum esforço conseguiu segurar as outras duas "pérolas" da equipa (Slimani e William Carvalho), o que por si só já pode ser uma boa notícia. Olhando bem as contratações percebemos que os leões foram muito menos gastadores do que os rivais (normal tendo em conta a situação do clube) mas aquilo que gastaram não foi gasto da forma mais inteligente. O Sporting CP, claramente necessitado de um central de grande qualidade para substituir o argentino Rojo contratou dois jogadores de qualidade claramente inferior para a posição (Sarr e Oliveira) e ainda conseguiu deixar sair (em litígio é certo) aquele que era, a meu ver, o mais talentoso e promissor jogador do sector (Eric Dier).... a defesa apresenta-se como o sector mais frágil dos leões, onde os laterais não são de extrema competência (Jonathan curiosamente demora a aparecer) e os centrais revelam lacunas por vezes gritantes, com um brasileiro que não mostra ser um poço de qualidade (é estranho como Maurício pode ser titular num clube grande quando anda Marcelo a jogar num Rio Ave) e um miúdo africano que promete muito mas tem igualmente muito para crescer e aprender. Curiosamente onde o sporting gastou mais dinheiro foi em sectores onde até nem precisava de reforcos com tanta urgência e só isso explica que Gould seja jogador da equipa B e Rosell, depois de confirmada a permanência de William Carvalho, esteja condenado ao banco de suplentes. Com tão boas opções de mercado (até mesmo a nível interno), a acção do Sporting CP pareceu demasiado ingénua para o que a equipa precisava. A verdade é que olhando para o plantel do Sporting CP nota-se claramente que falta qualidade na defesa, falta alguma coisa no meio campo e na frente de ataque, embora o trio inicial seja de enorme qualidade (Carrillo, Nani e Slimani), faltam depois as opções porque Capel está visto que não dá mais do que já mostrou (estranho até não ter sido transferido), Shikabala já mostrou que apesar do talento a cabeça não o acompanha, Heldon dificilmente se impõe, Montero desapareceu e não se sabe bem até quando. Apenas Tanaka e o jovem Mané se mostram minimamente à altura das exigências o que, para um clube que este ano vai jogar quatro competições é pouco... muito pouco mesmo.

A grande diferença do Sporting CP e o seu grande problema (talvez mesmo o grande erro de análise e preparação da época) é que o Sporting CP deste ano vai jogar numa realidade diferente da do ano passado e vai enfrentar muito mais dificuldades. Em primeiro lugar, além de um SL Benfica igualmente forte, enfrentará um FC Porto muito mais forte do que no passado e um SC Braga também ele com mais qualidade. Depois, ao contrário da época anterior, a equipa deixa de trabalhar e de se focar apenas numa competição e em um jogo por semana para agora enfrentar o desafio da Champions League e a realidade de jogar de três em três dias. Enquanto o físico permitir e a equipa aguentar o Sporting CP vai ter competência para estar nos lugares da frente a morder os calcanhares aos principais rivais, mas quando a época começar a apertar e a exigência aumentar vão por certo faltar opções e profundidade ao plantel de Marco Silva. Com o fecho do mercado de verão fica uma certeza, a de que muito possívelmente o Sporting CP necessitará de reajustes no mercado de inverno.



sábado, 6 de setembro de 2014

Mercado dos grandes - SL Benfica


Depois de uma época de estrondoso sucesso (só não digo perfeição porque a final da Liga Europa não está esquecida) o SL Benfica partiria como grande favorito à conquista do titulo nacional 2014/2015 não fosse a insistência do mercado e a necessidade premente de vender alguns (muitos diga-se) dos seus principais jogadores. É certo que dos três candidatos os encarnados foram os únicos a manter o treinador, mas não é menos certo que da base da sua equipa viram sair cinco jogadores habitualmente titulares (Oblak; Garay, Siqueira, Rodrigo e Markovic) o que permitiu aproximar o favoritismo do seu grande adversário FC Porto, algo que o início de temporada tem vindo a provar. Após as muitas saídas e os muitos rumores para entradas, o grande reforço do SL Benfica (que até contratou o GR titular do Brasil no Mundial) chama-se Enzo Perez. Quis o destino (ou qualquer coisa assim) que o multi-milionário Lim decidisse não abdicar de 30 milhões de euros (coisa que até nem lhe custaria muito de certeza) deixando os adeptos benfiquistas a respirar de alivio após o fecho do mercado... se perder cinco titulares já não foi bom, perder o mais importante deles todos seria demasiado mau e talvez mesmo irrecuperável a curto prazo.

Quem lê o texto que vou escrevendo pode ser levado a pensar que o SL Benfica apertou o cinto e contratou pouco ou nada o que uma pura ilusão. Os encarnados começaram o defeso a contratar jogadores em catadupa (não tanto como o rival FC Porto), alguns dos quais já não fazem sequer parte do plantel (coisa que não surpreende). Ao perder tanta gente deu a ideia de que o SL Benfica ficou ansioso e com necessidade de mostrar aos adeptos que não estava só vendedor, o problema é que a ansiedade de ter "cromos novos" leva a escolhas precipitadas e até mesmo erradas (veja-se o caso de Djavan, Candeias, Luiz Filipe e até mesmo Benito). Tanto nervosismo e tanta ansiedade em mostrar serviço não podia ter bons resultados e a pré-época foi a imagem disso mesmo. Mas há males que vêm por bem e se o SL Benfica fez uma pré temporada "fraquinha" e deixou os adeptos desconfiados com as capacidades do plantel, a mesma pré-época também serviu para a direcção abrir os olhos e por travão em algumas saídas (Enzo e Gaitan já estavam mais do que na porta) e arrepiar caminho atrás das vitórias. No que a caras novas diz respeito o SL Benfica tem contado neste início de época essencialmente com Eliseu e Talisca. O lateral açoriano é uma paixão antiga de Jesus que finalmente se concretiza (e já deu resultados práticos no jogo do Bessa) e o brasileiro é um jovem talentoso mas ainda à procura do seu espaço no futebol português e na equipa do SL Benfica, onde vai jogando numa posição que me parece estranha para ele. Do lado de fora e ansiosos por mostrar serviço estão certamente dois Portugueses de qualidade (Pizzi e Bebé) e um internacional Grego que não terá dificuldades em ganhar a titularidade nesta equipa (Samaris). Mesmo sobre o cair do pano e apesar de não ter perdido Enzo Perez, o SL Benfica fechou a contratação do jovem italiano Cristante, um jogador com o selo de qualidade da escola do Milan (os adeptos italianos não acharam a mínima piada à sua venda) que poderá vir ocupar a vaga deixada em aberto por André Gomes e, quem sabe, num futuro não muito longínquo, substituir Enzo Perez... é que as noticias relativas ao mercado de Janeiro já começaram a sair. Ficou-se a estranhar que no meio de tantas contratações (foram mais de 10) não tenha sido contratado um jogador capaz de substituir Rodrigo. Derley ainda não é esse jogador (nem sei se alguma vez será) e Talisca, que até tem sido a aposta de Jesus, muito menos...  porque não tentar Bebé?

Conclusão: Era impossível (financeiramente) manter um plantel com a qualidade do anterior e por isso mesmo este é um Benfica que perdeu inúmeras referências do seu 11 base e que se apresenta a um nível inferior (ainda assim alto) ao da época passada. Jardel não é Garay, Eliseu, apesar da qualidade, não é Siqueira, Markovic era um jogador único e não apareceu ninguém do nível de Rodigo para o substituir. Em suma, é um Benfica com um plantel menos equilibrado e menos rico em opções, que se apresenta diferente em todos os sectores, mas que ainda assim tem um grupo de jogadores de alta qualidade que permite ao clube ser um dos principais candidatos ao título.



domingo, 31 de agosto de 2014

CHAMPIONS LEAGUE - Análise do sorteio (Grupo H)


GRUPO H: FC PORTO; ATL. BILBAO; SHAKHTAR; BATE BORISOV



O FC Porto foi-se esquivando dos grandes "tubarões" ao longo do sorteio e a única coisa de que se pode queixar verdadeiramente é das viagens longas ao leste da Europa para defrontar Shakhtar (Ucrânia) e Bate Borisov (Bielorussia). Mas se as viagens longas são o ponto mais negativo do sorteio, o adversário teoricamente mais complicado mora mesmo aqui ao lado no vizinho País Basco. Até nisso o sorteio foi simpático com o FC Porto, pois a equipa que se pode assumir como mais complicada para os azuis e brancos é possivelmente aquela que o treinador Julen Lopetegui (também ele Basco) melhor conhecerá. Tendo em conta o investimento feito no plantel e aquilo que foi possível ver dos portistas no play-off frente ao Lille, a passagem aos oitavos de final da prova torna-se num objectivo obrigatório... mas atenção, nada de facilitismo e falta de humildade porque mesmo sendo favorito o FC Porto não vai ter um passeio pela fase de grupos da Champions League. É preciso ser competente e sério para seguir em frente.   


SHAKHTAR:
O campeão ucraniano em título e actual líder do campeonato é por óbvias razões (extra futebol) a grande incógnita desta Champions League. É certo que o clube ucraniano está repleto de jogadores de enorme qualidade (Luiz Adriano e Douglas Costa são apenas dois exemplos), mas não deixa de ser uma grande vantagem para os seus adversários o ambiente de instabilidade que se vive na Ucrânia por estes dias, já para não falar no facto de o clube não poder jogar no seu próprio estádio (bombardeado há bem pouco tempo). Sem a vantagem do seu estádio e do incrível ambiente do seu fanático público a força do Shakhtar perde-se e de que maneira. Os ucranianos fizeram sempre valer essa vantagem nas competições europeias (até porque fora de casa não costumam ser tão bem sucedidos) mas desta vez são obrigados a jogar em campo neutro a mais de 500 km de casa. Por todas as razões e mais algumas (futebolísticas e extra futebol), o Shakhtar não será este ano o clube poderoso e assustador de outras épocas, mas ainda assim, e porque o plantel está recheado de talentos, a qualidade estará sempre lá pelo que não é aconselhável desconsidera-los e não lhes dar o valor que merecem. 

Shakhtar - Equipa Tipo

ATL. BILBAO:
Para quem possa ter dúvidas em relação à qualidade dos Bascos basta lembrar que estes (mesmo sem estrelas de renome mundial) eliminaram um Nápoles repleto de craques para se apurarem para a fase de grupos da Champions League... só isso já é um sinal de respeito. A equipa basca joga junta há bastante tempo e é uma equipa de enorme competência e com um futebol de alta qualidade. Muito bem treinado pelo espanhol Valverde, o Atl. Bilbao é uma mescla de inteligência de jogo, qualidade táctica e organização com o talento nato de jogadores como Muniain ou Susaeta. Os bascos, bem à imagem do seu povo, são uma equipa lutadora, cheia de garra e que dentro do campo dá tudo ao longo dos 90 minutos. Será certamente um dos grandes candidatos a marcar presença nos oitavos de final da prova e será preciso muito trabalho para os levar de vencida, principalmente quando jogam em casa perante o seu efusivo publico. 

Atl. Bilbao - Equipa Tipo

BATE BORISOV:
Os bielorussos são claramente a equipa mais frágil deste grupo. Marcam mais uma vez presença na fase de grupos, o que acontece com alguma regularidade nos últimos anos, mas mais uma vez parecem condenados a sair das competições europeias ao fim de seis jogos (mesmo o terceiro lugar que dá acesso à Liga Europa parece difícil). Apesar de tudo poderão ter um papel fundamental na classificação final do grupo, pois sendo a equipa teoricamente mais frágil é contra ela que todos quererão fazer o pleno de pontos... mas atenção, pois a jogar em casa o Bate Borisov é uma equipa bastante perigosa (o clima também não ajuda os adversários) pelo que é bem possível que alguém escorregue no leste da Europa e deixe ficar preciosos pontos por lá.

BATE Borisov - Equipa Tipo


CONCLUSÃO: Sortes diferentes para as três equipas portuguesas presentes na Champions League 2014/2015. O SL Benfica fica colocado num grupo que à partida será disputado até ao fim e onde não se afiguram grandes diferenças de qualidade entre as quatro equipas. Talvez seja mesmo o grupo mais equilibrado da prova. O Sporting CP acabou por ter um sorteio mais simpático do que seria de esperar mas ainda assim tem uma tarefa muito complicada para se apurar. No mínimo a presença nas eliminatórias da Liga Europa deve ser garantida mas a equipa de Marco Silva quer mais do que isso e tem condições para lutar pelo principal objectivo até ao fim. Já o FC Porto apesar das longas viagens que terá de fazer e apesar de visitar o muito complicado País Basco tem a obrigação de passar aos oitavos de final e lutar até o fim pelo primeiro lugar do seu grupo, onde afinal de contas, é mesmo o principal favorito.   

CHAMPIONS LEAGUE - Análise do sorteio (Grupo G)


GRUPO G: SC PORTUGAL; CHELSEA FC; SCHALKE 04; MARIBOR




Tendo em conta que os leões estavam no terceiro pote, o sorteio até acabou por ser simpático para a equipa de Alvalade, permitindo ter esperança num apuramento para os oitavos de final da prova. Olhando para o grupo, percebe-se que a equipa agora treinada por Marco Silva terá ainda assim uma tarefe muito complicada pela frente. De qualquer forma as possibilidades de apuramento são reais e o Sporting CP tem de lutar por elas, o que passa por vencer obrigatoriamente os dois jogos frente ao adversário mais frágil do grupo (NK Maribor), o que permitirá também ter vantagem numa possível luta pelo terceiro lugar. Chelsea FC e Schalke 04 são, até mesmo pela experiências em provas internacionais, os principais candidatos ao apuramento, mas se os londrinos se destacam muito de todos os outros adversários, já a diferença entre os alemães e os portugueses não será assim tão gritante de forma a excluir à partida o Sporting CP da luta pela próxima fase. Apesar das dificuldade e da difícil tarefa, os leões têm uma importante palavra a dizer. 


CHELSEA FC:
Depois do fracasso desportivo do ano passado, o Chelsea FC de José Mourinho está obrigado a regressar às vitórias. Vencer a Champions League será um sonho complicado de realizar mas os ingleses têm de se assumir como candidatos, até porque desta vez as desculpas utilizadas pelo treinador ao longo da época passada deixarão de ser válidas perante os adeptos. É um projecto de milhões (muitos milhões mesmo) e é a própria imagem e competência de José Mourinho que estão em causa. Um plantel que se dá ao luxo de contar com jogadores como Hazard, Oscar, Fabregas, William ou Diego Costa (e agora novamente Drogba) tem que ser claramente candidato a mais do que na época anterior. A fase de grupos não será um passeio para os ingleses mas, verdade seja dita, estão (quase) obrigados a acaba-la em primeiro lugar.

Chelsea FC - Equipa Tipo
  
SCHALKE 04:
Os alemães do Schalke 04 são uma presença já assídua nestas andanças de Champions League. A equipa de Gelsenkirchen apresenta habitualmente um conjunto muito sólido e que costuma criar muitas dificuldades aos seus adversários (principalmente quando joga em casa). O treinador Jan Keller tem uma equipa sem grandes mudanças e à sua disposição conta com jogadores de qualidade superior como Draxler, Huntelaar, Sam ou Boateng para provocar estragos nas equipas adversárias e marcar presença nos oitavos de final da prova. Os alemães são uma equipa muito bem trabalhada, muito forte táctica e fisicamente e com jogadores que pela sua qualidade podem fazer a diferença. Não sendo uma das equipas de Top europeu, os homens de Gelsenkirchen devem ser respeitados. O histórico do Sporting CP com equipas alemãs (nunca jogou com o Schalke 04) é no mínimo desagradável, mas esta poderá ser uma boa oportunidade para mudar a história. Um Sporting muito forte e competente poderá superar esta equipa alemã.

Schalke 04 - Equipa Tipo
  
MARIBOR:
O NK Maribor é claramente a equipa mais frágil do grupo e aquela que todos pretendem "usar" para garantir os seis pontos. Sendo claramente inferior a todos os outros adversários, o destino dos eslovenos deverá passar pelo afastamento das provas europeias. Ainda assim poderão ter (e terão quase de certeza) um papel importante na definição da classificação final do grupo. A jogar em casa estas equipas superam-se e tornam-se adversários complicados de bater, pelo que quem não tiver a competência suficiente para levar de vencida o Maribor na Eslovénia poderá dar um passo em falso nas suas ambições. Para o Sporting é extremamente importante vencer os dois jogos contra os eslovenos e depois, quem sabe, esperar que os alemães do Schalke 04 saiam de lá menos candidatos do que aquilo que à partida são. 

NK Maribor - Equipa Tipo

sábado, 30 de agosto de 2014

CHAMPIONS LEAGUE - Análise do sorteio (GRUPO C)


GRUPO C: SL BENFICA; BAYER LEVERKUSEN; ZENIT; AS MONACO


Dos clubes portugueses em prova, o SL Benfica é aquele que tem a tarefa teoricamente mais complicada. Não tendo apanhado nenhum dos grandes "tubarões" do futebol europeu, saiu-lhe em sorte um grupo de enorme equilíbrio, com equipas de qualidade e recheadas de bons jogadores (em certos casos muito dinheiro também) e alguns velhos conhecidos que trazem boas e más memórias aos encarnados (Javi Garcia, Witsel e Garay encaixam no primeiro caso, Villas-Boas, Moutinho e Hulk encaixam no segundo). Num grupo onde não há um grande favorito ao apuramento o SL Benfica tem a história do seu lado pois ainda há bem pouco tempo afastou (sem dificuldades diga-se) Zenit e Bayer Leverkusen de provas europeias. Ainda assim, só um SL Benfica de grande qualidade e extremamente competente será capaz de seguir em frente num grupo onde todos os pontos serão preciosos e disputados até à exaustão.


BAYER LEVERKUSEN:
O Bayer Leverkusen tem sido um dos clubes mais regulares do campeonato alemão, mas isso não tem chegado para ir mais além do terceiro lugar da Bundesliga e muito menos para se afirmar na Europa. Há dois anos o SL Benfica não teve grandes dificuldades em afastar os homens de Leverkusen das competições europeias (no caso a Liga Europa), pelo que guarda boas recordações dos mais recentes confrontos. Este ano algumas coisas mudaram, os alemães contrataram um dos treinadores da moda no seu país (Roger Schmidt) que treinava na Áustria o Red Bull Salzburg e vai-se mostrando extremamente competente, num inicio de temporada em que já venceu fora de casa o Borussia Dortmund, um dos principais candidatos ao titulo nacional (se é que existe outro além do Bayern Munchen). Os alemães são um adversário complicado e com qualidade para se apurarem para os oitavos de final da prova. São uma equipa muito bem orientada e que conta com jogadores de referência como o goleador Kießling e o talentoso Calhanoglu recentemente contratado ao Hamburg SV. Ainda assim os homens de Leverkusen devem ser tidos em conta principalmente pelo forte colectivo que têm e não pelas individualidades. 

Bayer Leverkusen - Equipa Tipo

ZENIT ST PETERSBURG:
Após alguns anos de puro engano com um treinador que provou ser pouco mais do que banal, o Zenit aposta forte no jovem português André Villas-Boas, que procura relançar a sua carreira após o desastre inglês. Ao longo dos anos os russos têm-se comportado como uma equipa forte e temível em casa mas extremamente (até surpreendentemente) frágil a jogar fora de portas. O treinador português está a tentar mudar esse estigma implementando um futebol positivo na equipa que actualmente lidera o campeonato Russo. Apoiado no muito dinheiro que anualmente é injectado no clube, Villas-Boas tem ao seu dispor um plantel recheado de grandes jogadores como os bem conhecidos Javia Garcia, Witsel, Garay, Hulk ou Danny e os menos conhecidos mas não menos talentosos Rondon ou Kerzhakov. Não sendo um clube de topo europeu, será certamente um adversário com muita qualidade, recheado de grandes jogadores e que complicará a vida aos seus adversários principalmente nas deslocações à Russia, o que no caso do SL Benfica acontece em finais de Novembro.

Zenit - Equipa Tipo

AS MONACO:
Os monegascos reapareceram na Primeira Liga Francesa há um ano atrás com um projecto megalómano e muito dinheiro à mistura. Foram capazes de recrutar jogadores de classe mundial como Falcao, James ou Moutinho e criar um conjunto sólido que deu luta ao PSG pelo titulo de campeão francês. No final acabaram em segundo lugar mas a prometer mais e melhor para esta época... a promessa não está a ser cumprida (nem nada que se pareça). Depois do reaparecimento fulgurante da época passada, a equipa agora treinada por Leonardo Jardim parece estar a desinvestir e a perder as referências que a faziam estar num patamar acima das outras com as quais compete. De repente saiu James Rodriguez para o Real Madrid e quando se esperava uma grande contratação para fazer esquecer o mágico colombiano os monegascos foram buscar por empréstimo um miúdo da equipaB do SL Benfica (Bernardo Silva). Com o aproximar do fecho do mercado de transferências, o Mónaco arrisca-se cada vez mais a perder o seu principal jogador (Falcao) e não dá sinais de ter grande vontade de investir no fortalecimento do seu plantel. Para já a equipa de Leonardo Jardim ainda é uma incógnita mas os sinais não são nada bons e os adeptos começam a manifestar preocupação, afinal de contas a época começou com 2 derrotas (uma delas por goleada) e apenas uma vitória pela margem mínima... muito pouco para uma equipa com história e que já conta com uma presença na final da Champions League de 2004.   

AS Monaco - Equipa Tipo

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Operação Champions "Lille"



Após uma época miserável e uma revolução que resultou na contratação de mais de uma dezena de jogadores e numa nova equipa técnica o FC Porto apresenta, neste momento, um plantel com muito mais soluções e qualidade do que o anterior, onde em alguns sectores os índices de produtividade eram verdadeiramente sofríveis. Não é por isso de estranhar e, verdade seja dita, é perfeitamente legitimo que os dragões apostem e aspirem a uma boa prestação em provas internacionais (falo de Champions League claro) onde até são uma das equipas com mais participações. Até mesmo pela qualidade (potencial qualidade) do plantel ao serviço do espanhol Lopetegui, esse tem de ser um objectivo bem definido e trabalhado e, mais do que isso, tem de ser uma realidade. O contrário resultará apenas num claro fracasso.

Mas se o entusiasmo portista com esta nova equipa aponta para isso, a realidade e a frieza objectiva das coisas diz-nos que antes de dar como garantida uma boa prestação europeia ou sequer a presença na Champions League, o FC Porto tem de enfrentar um dos desafios mais importantes da temporada a todos os níveis: a pré-eliminatória da Champions League, que servirá para medir o pulso à equipa mas que fundamentalmente será a definição da realidade em que o clube ficará inserido, quer a nível futebolístico quer orçamental a um curto/médio prazo. Aqui não pode haver desculpa de equipa nova, de má forma física ou de falta de entrosamento entre os atletas. O FC Porto tem, para seu próprio bem, de vencer a eliminatória e apurar-se para uma competição que além de ser a enorme montra que todos reconhecem, representa 1/4 do orçamento azul e branco. O fracasso europeu do ano passado (a equipa caiu na fase de grupos) não se pode de forma alguma tornar a repetir, até porque cair na Liga Europa será quase trágico e por muito que uma vitória nesta prova seja desportivamente prestigiante (assim foi em 2002/2003 e em 2010/2011) em termos financeiros (e neste momento isso pesa muito) a competição é pouco mais do que irrelevante.

A necessidade de fazer parte da melhor competição futebolística do mundo é demasiado óbvia para os grandes clubes Portugueses. Ao contrário de SL Benfica e Sporting CP, o FC Porto, fruto da péssima época realizada no ano passado, colocou-se nesta incómoda posição de ser obrigado a uma prova de fogo ainda antes da fase de grupos começar. No fundo, este novo FC Porto é obrigado a mostrar valor já no inicio da temporada e a provar que merece o lugar entre os 32 clubes que estarão presentes na fase de grupos. O trabalho que tem sido desenvolvido pela equipa técnica e pelo corpo dirigente do clube tem sido certamente nesse sentido (nem seria lógico o contrário) e a verdade é que se constata que ao contrário de outros anos os reforços (pelo menos os principais) chegaram ao Dragão bem cedo e o treinador tem sido capaz de treinar desde o inicio (ou quase, em alguns casos) com os "craques" que pediu à direcção liderada por Pinto da Costa. O plantel portista está (até ver) quase montado e a equipa está a ser trabalhada, mas com tanto tempo que resta para o final do mercado de transferências um fracasso no apuramento para a fase de grupos da Champions League pode mudar tudo o que está a ser construído, o que seria um enorme revés para o clube. Uma não qualificação e um rombo de 1/4 do orçamento obrigaria o clube a fazer mais valias com a venda de activos, sendo assim obrigado a desmantelar parcialmente um plantel e um projecto que ainda agora começou a ser construído. 

Para que tal cenário não aconteça o FC Porto tem de eliminar os Franceses do Lille, terceiros classificados do campeonato Francês onde só não foram melhores do que os multi-milionários de Paris e do Mónaco. O Lille, treinado por René Girard, já está com a preparação bastante adiantada até porque foi obrigado a jogar a eliminatória anterior da Champions League e mantém basicamente a mesma equipa da época passada. É uma equipa bem treinada, tacticamente forte, que defende bem e se inspira na irreverência de Kalou e Origi (que grande jogador este) para provocar danos nas defesas contrárias, jogando principalmente em contra-ataque. Não se pense que são favas contadas porque os franceses são uma equipa muito competente. Para se apurar o FC Porto tem de ser sério, trabalhador, competitivo, humilde e tem que mostrar ser melhor e mais capaz do que o adversário. Deitar os foguetes antes da festa e contar as notas antes de as ter no bolso pode dar muito mau resultado. Para Lopetegui e a sua equipa só há duas hipóteses: é vencer ou vencer!

domingo, 3 de agosto de 2014

... sem passar na casa partida!




Depois de tanto ter resistido no seu posto de comando a vida do dirigismo desportivo começa (finalmente dirá quem ainda tem alguma estima pelo futebol português e já agora pela democracia) a correr mal ao senhor Mário Figueiredo. Quando até o seu sogro (ou ex-sogro ou seja lá o que os une) e principal apoiante coloca em causa a competência do presidente é sinal que alguma coisa vai mal nos corredores da liga... zangam-se as comadres e o resto já sabemos como é!

Ao longo dos últimos anos todos percebemos que o senhor Mário Figueiredo é um personagem pouco sério, uma criatura sedenta de poder e protagonismo e um bom aldrabão daqueles que não olha a meios para atingir fins. Mas uma coisa é certa, o senhor Mário é um homem inteligente... talvez inteligente seja uma palavra demasiado forte para descrever a figura... vá lá, digamos que o senhor até é esperto.
Quando decidiu abandonar o conforto da asa do sogro e dedicar-se a ser mais um dos que vive do futebol, o senhor Mário Figueiredo usou de todas as artimanhas ao seu alcance para vencer. Mentiu descaradamente, fez promessas utópicas e tão ridículas que ele próprio sabia não poder cumprir e, percebendo que a maioria dos dirigentes tem tanta sede de protagonismo como ele próprio, soube fazer destes autênticas marionetas e conseguiu uma vitória suportada pela grande maioria dos clubes de menor dimensão, que viram nas suas alucinantes promessas uma imensa janela de oportunidades.

Depois de chegar ao poleiro (como se diz em bom português) a história é a já conhecida e o seu mandato caracteriza-se pela incompetência e pelos esquemas com que se vai mantendo de cabeça à tona da água. A incapacidade para dirigir os destinos da Liga Portuguesa de Futebol é de tal forma gritante que uma das competições organizadas e geridas pelo órgão que preside é uma imagem fidedigna da sua direcção. A Taça da Liga é uma competição desajustada da realidade, mal organizada, pouco aliciante e ainda menos séria (assenta num formato desenhado com o objectivo claro de levar um dos clubes grandes à vitória). A competição esta de tal forma descredibilizada que já nem o presidente da Liga a defende, muito pelo contrário, é o primeiro a condená-la. Mas apesar de toda a incompetência e incapacidade Mário Figueiredo foi dirigindo a sua "democrática" Liga de Clubes (é um termo seu e não meu) sempre em torno do seu próprio umbigo, resistindo a todo o descontentamento e agarrando-se com unhas e dentes à sua confortável cadeira de poder, fazendo de tudo (legal e ilegal) para não ser despejado e não se ver novamente obrigado a bater à porta do sogro.

Durante os últimos tempos a contestação aumentou e aumentaram também os pedidos de explicações sobres as suas ideias e a sua liderança, mas Mário foi sendo capaz de se desviar de todas as "balas" evitando dar justificações, recusando reuniões extraordinárias e fechando as portas da "sua" liga a todos aqueles que deveria defender: os clubes. Mas (espantem-se) no meio de tudo isto ainda conseguiu ter o apoio de altas figuras do dirigismo desportivo que foram empurrando o problema com a barriga (cheia pois claro) para a data das eleições.
Como é óbvio, e nem é preciso ser tão esperto como o senhor Mário para perceber, alguém que sempre fez de tudo para manter o seu lugar de poder não iria permitir que tal regalia lhe fosse retirada com umas simples e estas sim democráticas eleições. Era óbvio que uma figura que tanto suga ao futebol não ia sair assim apenas e só porque umas míseras eleições dizem que tem de ser. Não me espantou por isso (acho que não pode espantar a ninguém) que ao perceber que qualquer uma das candidaturas adversárias era capaz de vencer a sua, o senhor presidente da Liga Portuguesa de Futebol tenha arranjado uma forma (legal ou não pouco lhe interessa) de, juntamente com as suas cabeças pensantes, tornar elegíveis todas as listas de candidatos com excepção da sua. Os oponentes não cumpriam os requisitos/regras que Figueiredo decidiu criar e por isso foram afastados da corrida pouco antes da data marcada para as eleições.

Mário Figueiredo foi, qual "ditadorzeco" de meia tigela, sozinho a votos e venceu (mesmo sozinho teve um número de votos mais ridículo do que as próprias eleições). Festejou, regozijou-se e ainda teve a distinta lata de dizer que com a sua vitória tinha sido o futebol português a vencer.
Como era de prever, tendo em conta a sujeira de todo este processo, os candidatos derrotados (neste caso afastados antes das eleições) não iam ficar de braços cruzados a ver o senhor presidente  embebido em orgulho ocupar a sua cadeira de poder e por isso recorreram à justiça nunca última tentativa de por cobro à situação e acabar com a pouca vergonha em que se transformou a Liga Portuguesa de Futebol. Assim sendo, o tribunal constitucional veio agora dizer o que já se previa e desconfiava desde o inicio, garantindo a legibilidade de pelo menos uma das candidaturas e considerando ilegal todo o "jogo de cintura" usado por Mário Figueiredo e pelos seus pares para manter o pomposo título de presidente. Posto isto, as eleições estão anuladas e serão repetidas futuramente, sendo que neste novo acto eleitoral o senhor Mário não irá sozinho às urnas. Como a derrota é um resultado quase garantido seja qual for o oponente, a máscara começa finalmente a cair, o tabuleiro deste autêntico jogo de monopólio a fugir-lhe por baixo dos pés e nem mesmo o apoio surpreendente de algumas figuras (tem o apoio do último cruzado na luta pela honestidade e verdade do futebol - Bruno de Carvalho!) vai impedir o futebol português de se livrar de uma das piores e mais tristes figuras da sua história. Agora restará ao senhor Mário voltar a bater à porta do sogro, esperando que este não lhe tenha fechado o portão à chave ou que, em ultimo caso, lhe solte os cães.

sábado, 26 de julho de 2014

A despedida de um ídolo




O dia de ontem marcou a despedida de Deco, o melhor futebolista que tive o prazer de ver jogar. O luso-brasileiro escolheu o palco do Dragão (aquele onde, segundo palavras suas, foi mais feliz) e as equipas campeãs europeias do FC Porto versão 2004 e FC Barcelona versão 2006 para fazer um jogo recheado de amigos e estrelas e colocar oficialmente um ponto final na carreira, numa festa que teve tanto de bonita como de merecida. Está de parabéns o Deco pela brilhante carreira que teve enquanto futebolista profissional, está de parabéns o FC Porto pela grandiosa festa que proporcionou a um dos seus (é pena ainda não o ter feito a gente como Vitor Baia ou Jorge Costa), está de parabéns o FC Barcelona por aceitar participar numa festa tão importante para Deco e estão de parabéns as dezenas de craques e ex-craques (uns mais gordinhos do que outros) que aceitaram o desafio de se juntar, proporcionar momentos de bom futebol e dizer um adeus sentido à carreira de um amigo.... e o jogo de ontem foi principalmente isso. Mais do que um jogo de grandes equipas e grandes jogadores (ou ex-jogadores) foi um jogo de amizade e agradecimento a um dos maiores talentos que o Mundo do futebol viu crescer (Obrigado Parreira por achares que no Brasil havia "Decos" ao pontapé e o deixares jogar pela nossa selecção). 

Quanto a Deco, foi sem dúvida um jogador de enorme talento e coração. Um homem que deu tudo dentro do campo em prol do clube que representava e que defendeu o símbolo que trazia ao peito sempre com a maior das convicções. Deco era um jogador diferente de todos os outros que consigo partilhavam o relvado. Jogava de forma diferente, movimentava-se de forma diferente, segurava a bola de forma diferente, via coisas diferentes onde outros não conseguiam sequer ver nada. Deco era único dentro do campo. Um jogador de uma leveza incrível e passada subtil, um jogador que quase parecia não correr mas aparecia sempre onde estava a bola, um jogador que ultrapassava os adversários com uma facilidade e elegância impressionantes. Olhando para Deco quase jurávamos que ele era diferente e feito de uma outra matéria, que ele era qualquer coisa criada apenas para nos presentear com aquilo que tão bem fazia dentro do campo. 

Para quem não teve a sorte de ver Deco jogar, para quem perdeu esta parte tão importante da história do futebol e não conheceu Deco, ontem o mágico mostrou um pouco de si na despedida e aquele golo no último segundo do jogo do Dragão foi o resumo perfeito de todo o seu talento... foi a forma mais bonita e poética que o luso-brasileiro descobriu para escrever o ponto final na sua bela e triunfante carreira. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Uma questão de formação




O resultado do jogo que ontem colocou frente a frente as selecções do Brasil e da Alemanha pode ter surpreendido muita gente mas não é mais do que o espelho do trabalho futebolístico que tem vindo a ser desenvolvido pelos dois países. Talvez o resultado seja ligeiramente exagerado e não reflicta com inteira justiça a diferença de qualidade entre os futebolistas brasileiros e os alemães, mas uma coisa é ter qualidade natural (aquela com que nascemos ou não) para dar chutos na bola e outra é trabalhar essa qualidade de forma a criar atletas de topo e é disso que se trata quando falamos de um mundial de futebol. O resultado pode portanto não reflectir verdadeiramente a diferença de qualidade entre as equipas mas certamente reflecte a capacidade de trabalho de cada um dos países (e estou a falar única e exclusivamente de futebol). 

No post de ontem falei da formação como uma necessidade para o futuro próximo do futebol português e hoje vou voltar a falar de formação, desta vez como exemplo máximo do rigor e capacidade de trabalho da Alemanha. 

Aquilo que os alemães vivem futebolisticamente neste momento não é fruto de um qualquer acaso e muito menos de uma dádiva divina (se assim fosse o Brasil ganhava 10-0 em todos os jogos tal a quantidade de orações feita por cada jogador ao longo dos 90 minutos). O momento que os alemães atravessam deve-se essencialmente ao trabalho competente desenvolvido pela sua federação de futebol e pelos seus clubes ao longo dos últimos anos, em prol da formação e da evolução do futebol do país. Enquanto muitos outros se limitam a arranjar desculpas para os mais escabrosos desaires, têm interesse em manter tudo na mesma e esperam que uma nova leva de talentos resolva ou disfarce os problemas (não sei porquê mas de repente lembrei-me da nossa federação), os alemães aproveitaram o desastre do campeonato da Europa do ano 2000 em que caíram na fase de grupos (quem não se lembra do Hat-trick do nosso Sérgio Conceição?) para renovar e revolucionar todo o seu futebol, não se limitando a esperar por melhores dias mas trabalhando para que eles pudessem existir.

Após o campeonato da Europa do ano 2000 a federação de futebol alemã percebeu que era urgente investir na formação de jogadores e fazer dela a principal bandeira do futebol alemão. A verdade é que a partir desse momento, e em concordância com os clubes e escolas do país, foram criadas medidas essenciais para a evolução que hoje se faz sentir. A federação alemã obrigou (a partir de 2001) todos os clubes a possuir uma academia de futebol para formar os seus jovens, sendo que só possuindo essa academia os clubes recebem as licenças necessárias para poder disputar as ligas profissionais de futebol do país (O Borussia de Dortmund era um dos clubes que antes de 2001 não tinha academia sendo hoje em dia um dos clubes da europa que forma mais e melhores futebolistas). Por outro lado a federação investiu, juntamente com as escolas do país, na criação de centros de treino para as crianças mais novas (com menos de 14 anos). Como se essas regras não bastassem (se calhar não bastavam mesmo) a federação criou regras financeiras que os clubes são obrigados a respeitar. Desde 2001 os clubes alemães, mesmo tendo investidores externos, devem pertencer maioritariamente aos sócios (51% no mínimo) e os excessivos gastos acima das receitas resultam na automática retirada da licença de participação  nos campeonatos profissionais, o que obriga os clubes a gastar menos do que aquilo que ganham.

No fundo, o grande objectivo da revolução do futebol alemão foi canalizar os milhões gastos em transferências e na intermediação destas para a formação de jovens, construindo academias e dotando-as de profissionais competentes. Nunca tiveram a vergonha de assumir que havia países a trabalhar melhor e enviaram durante anos e anos os seus técnicos para aprender nas academias desses mesmos países (Espanha e Itália por exemplo). Os alemães foram capazes de aprender com os seus erros e com as qualidades dos outros para corrigir o que estava mal e evoluir o seu futebol, atingindo o nível que está neste momento à vista de todos. Foi a formação que voltou a trazer a Alemanha para o topo do futebol Mundial.



*O campeonato do Mundo de futebol ainda não acabou e a Alemanha até pode não vencer a prova, mas mesmo que isso aconteça em nada altera o que aqui escrevi.
           

terça-feira, 8 de julho de 2014

Quem não tem dinheiro (não) tem vícios




É sabido que a saúde financeira dos clubes portugueses deixa muito a desejar e que, cada vez mais, é fundamental ser-se capaz de aplicar a máxima de fazer mais com menos. Urge ter olho e competência para formar jogadores dentro de portas, dando-lhes as condições necessárias para que estes possam evoluir e se tornem jogadores de topo. Será que isso alguma vez vai ser uma realidade no futebol português? Com a excepção de algum casos (Vitor Baía, Rui Costa, Figo, Ricardo Carvalho, Ronaldo, Nani e pouco mais) talvez isso não passe de uma utopia na realidade do nosso futebol... mais por culpa de quem dirige do que da tão propalada inexistência de matéria prima!
Durante anos a fio os clubes portugueses viraram costas à formação e fecharam os olhos a custos para criar equipas supostamente competitivas nas competições nacionais e internacionais. A Portugal chegaram "camiões" de jogadores estrangeiros, muitas vezes pagos a peso de ouro. E se na verdade alguns deles foram verdadeiras mais valias desportivas e financeiras (convém não esquecer que por cá passaram jogadores como Falcao, Hulk, James, Di Maria, Matic e Witsel) a grande maioria não passou de um enorme tiro no pé e um atestado de incompetência passado aos nossos jogadores e à nossa própria formação.

A realidade actual dos dois principais clubes portugueses (nem falo do Sporting CP pois esse ainda consegue a proeza de sozinho estar em pior situação do que os outros dois juntos) é de tal forma grave que obriga a cenários e manobras financeiras nunca antes vistas e de um desespero total. Os últimos relatórios de contas de SL Benfica e FC Porto foram de tal forma assustadores que, quando lidos com atenção, tornam visível o enorme buraco em que as respectivas direcções se deixaram cair. Quando Luis Filipe Vieira prometeu (e infelizmente para a saúde financeira do clube cumpriu) não vender nenhum jogador e construir a "famosa" equipa maravilha que iria lutar pela vitória na Champions League, pode ter enganado meia dúzia de distraídos e conquistado alguns (preciosos) votos para a sua reeleição, mas para os mais atentos à jogada estratégica do presidente encarnado, era óbvio que o resultado tinha tudo para ser desastroso e prejudicial ao clube. Não é possível, ou pelo menos não é aconselhável, a um clube português (por muito grande que seja) colocar-se em bicos de pés e agir como se de um grande europeu se tratasse, gastando dezenas de milhões de euros em jogadores sem concretizar qualquer encaixe significativo com vendas. Os clubes portugueses são clubes vendedores e, por muito que custe a admitir, essa é a realidade em que vivem. A estratégia da direcção do SL Benfica foi de tal maneira errada que o clube, após ter vencido tudo internamente (desportivamente a época foi um sucesso), está agora obrigado a desmantelar uma equipa vencedora vendendo pelo menos cinco ou seis jogadores titulares. Só mesmo o desespero de fazer dinheiro rápido para cumprir obrigações financeiras a curto prazo (tapar buracos) explica a venda do melhor central do campeonato português a um clube russo pelo "irrisório" valor de 6 milhões de euros (deste valor o SL Benfica recebe apenas 2,4 milhões de euros).

Mais a norte, o presidente Pinto da Costa, após a época desportiva mais desastrosa da história do FC Porto, veio "garantir" aos sócios que o clube não precisa de vender jogadores. Caso para dizer: "Importa-se de repetir?". Analisando o último relatório de contas do FC Porto e as obrigações financeiras do clube a curto prazo, facilmente se chega à conclusão de que o clube precisa não só de vender mas principalmente de vender muito e bem. O FC Porto que se orgulhava de comprar jogadores jovens e baratos, saber formá-los e depois vendê-los a preços elevadíssimos, mudou a sua forma de estar no mercado e nos últimos anos dedicou-se a "derreter" dinheiro em jogadores a um ritmo alucinantes (um ritmo de dezenas de milhares de euros por época), vendo-se muitas vezes com jogadores em carteira que não rendem desportivamente, custam milhões aos cofres do clube e recebem salários estupidamente elevados. A política de transferências dos últimos anos tem sido de tal forma errada (os negócios Izmaylov e Liedson são apenas exemplos disso) que o clube está neste momento perante o inédito cenário de ter de vender os seus três principais jogadores na mesma temporada e pior ainda, percebe-se a incapacidade para investir em mais valias (o mesmo acontece com o SL Benfica). E é esta incapacidade de investimento, criada em grande parte pela incompetência de quem gere, que leva os clubes (nenhum deles é excepção) a recorrer à "ajuda" dos fundos, que são apresentados como tábua de salvação para os clubes mas que, na verdade, não são mais do que uma nova forma de dar dinheiro a ganhar a alguns senhores que continuam gravitar em torno do futebol e de tornar os clubes cada vez menos donos de si próprios e dos seus activos. Os fundos a curto prazo poder-se-ão apresentar como uma solução útil e uma mais valia mas a médio/longo prazo apresentam uma elevada despesa e uma forma pouco clara (para ser simpático) de fazer circular dinheiro de mão em mão e de conta em conta até se perder o rasto.

Os relatórios de contas dos principais clubes são públicos e não escondem (pelo menos de quem tiver interesse em interpretá-los) o enorme buraco em que SL Benfica e FC Porto estão colocados.  Foram anos e anos a sustentar um sistema de negócio obscuro, pouco sério e de valores completamente pornográficos. Foram anos e anos a sustentar o vício de empresários e dirigentes desportivos. Foram anos e anos a viver em bicos de pés e acima das possibilidades reais.

E agora, saberão os clubes assumir os erros, mudar a  estratégia e "arrepiar" caminho para um futuro sustentável, ou continuarão a cavar bem fundo o buraco até ser impossível sair de lá? Só o futuro o saberá dizer, mas de uma coisa tenho total convicção: apenas aqueles que tiverem a capacidade de olhar para dentro, perceber os pontos fortes e as fraquezas, mudar a estratégia e deixar de parte o próprio umbigo em prol do clube serão capazes de sobreviver!     

domingo, 6 de julho de 2014

Lance de Génio



Este é o momento (119 minutos de jogo) em que Louis Van Gaal, um dos mais geniais treinadores de futebol mostra ao mundo que, ao contrário do que se costuma dizer (até mesmo pelos catedráticos comentadores), os penaltis não são uma questão de fortuna, mas sim de treino, estudo e conhecimento dos adversários e dos nossos próprios jogadores. Louis Van Gaal sabe tudo sobre futebol e o pormenor desta tardia substituição garantiu o apuramento da sua selecção para a meia final do Campeonato do Mundo de Futebol. 

Eis a prova de que nem só Messi, Ronaldo, Neymar ou James são capazes de deslumbrar os adeptos com momentos de pura magia... foi simplesmente brilhante!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Acabaram-se as férias no Brasil...



Depois do teor do post anterior (que se seguiu ao jogo com os Estados Unidos da América) não me vou alongar muito mais sobre o estado da selecção nacional e da Federação Portuguesa de Futebol, pela simples razão de que nada mudou e porque tenho a certeza absoluta de que nada irá mudar num futuro próximo... ou acham que a forma peremptória como Paulo Bento garante que vai continuar é por acaso?

Paulo Bento precisa da Federação Portuguesa de Futebol pois tendo em conta a sua qualidade como treinador dificilmente entraria num outro projecto minimamente interessante (talvez houvesse um lugar de comentador disponível numa qualquer estação televisiva) da mesma forma que a Federação Portuguesa de Futebol precisa dele (dificilmente os senhores da FPF arranjariam um "fantoche" tão fácil de usar como este), por isso nada de novo nas mútuas declarações de amor entre treinador e presidente. Estes românticos e deliciosos momentos servem apenas para explicar  o porquê da renovação de Paulo Bento poucos meses antes da fase final do Mundial. Afinal de contas, está à vista de todos que o treinador não tem capacidade para um cargo destes e não iria ser fácil justificar uma renovação após o desastre a que o mundo inteiro assistiu. Já diz o outro: "O pior cego é aquele que não quer ver", ou será "Federação prevenida vale por duas"?

Apesar de ver nos "grandes" senhores da FPF os principais culpados do estado em que está o futebol português e que se reflecte na selecção nacional, Paulo Bento deveria ser obrigado a explicar a todos os que sentem Portugal e sofrem pela selecção o porquê de alguns jogadores terem lugar cativo no onze (Tem mesmo que haver sempre lugar para o Miguel Veloso seja qual for a posição? Este é apenas um caso), o porquê de alguns jogadores terem ficado de fora da convocatória em detrimento de outros claramente mais fracos ou em piores condições, o porquê de tantas lesões musculares... e muitas outras coisas. 

Apesar de tudo, eu dou toda a razão a Paulo Bento quando este diz que estes jogadores são os mesmos que há uns meses eliminaram a Suécia. Mas se o seleccionador pensasse um bocadinho (está visto que não é para isso que lhe pagam) percebia que essa conclusão não abona em nada a seu favor e muito menos a favor da qualidade do seu grupo de jogadores. Realmente estes são os mesmos jogadores que fizeram um apuramento miserável para o Mundial 2014 (houve jogos a roçar o ridículo num grupo que era extremamente fácil) e são os mesmos que eliminaram a Suécia naquele épico jogo que tanto jeito dá para defender a selecção, mas esquece-se o senhor Paulo Bento que existe um pequena (que é bem grande) diferença: de todos os jogadores presentes no Mundial o único que não é verdadeiramente o mesmo, por estar fisicamente limitado, é Ronaldo e esquece-se Paulo Bento (ou quer-se esquecer por dar jeito) que foi ele quem "sozinho" arrumou com o conjunto sueco e carimbou o nosso bilhete para o Brasil. E a verdade é que sem um Ronaldo a 100% a nossa selecção (esta escolhida por Paulo Bento e pela FPF) é pouca mais do que medíocre. Paulo Bento joga melhor com as palavras do que a sua equipa com a bola mas não engana muita gente... talvez só se engane mesmo a si. 

Nota final: Já ouvimos, após o jogo com o Gana, o presidente da FPF fazer referência às grandes selecções que foram eliminadas e às selecções europeias com dificuldades no apuramento. Querem apostar que vamos usar a eliminação da Espanha, da França e da Inglaterra como atenuante para a figura ridícula que andamos a fazer no Brasil? Eu fico à espera das futuras declarações do senhor presidente mas até parece que já sei de cor as palavras...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Yes we can... pack and come back!



A selecção nacional voltou a mostrar-se um espelho da FPF e da corja que nela vive. São os tachos, são os negócios de amigos, são os interesses e uma incompetência atroz que acaba nas mãos de Paulo Bento, o melhor "pau mandado" que os senhores da gravata poderiam ter arranjado para dar a cara às decisões que eles próprios tomam nos corredores. A selecção voltou a ser um grupo de amigos, um grupo de protegidos comandados (se é que se pode dizer isso) por um treinador sem voz própria que serve apenas para dar "corpo" a atitudes e decisões que não tem outro objectivo que não seja agradar a certas figuras que continuam a ter demasiada importância no negócio em que se tornou o futebol. 

O que a selecção precisa é de uma revolução gigantesca desde as bases da sua própria federação. Precisa de afastar dos corredores do poder os senhores de sempre e substitui-los por gente que olhe bem mais para o bem estar do futebol português do que para o seu próprio umbigo. A Federação portuguesa de Futebol precisa (de uma vez por todas) de deixar de ser um antro de interesses e de negócios e, se assim não for, vamos continuar a ter jogadores que jogam a convite mesmo que não estejam nas melhores condições ou existam colegas de qualidade superior, vamos continuar a ter uma exposição pública absurda da selecção portuguesa que mais se assemelha a um "reality show" do que a um estágio de preparação para uma competição internacional, vamos continuar a ter as "tournées" pagas por patrocinadores para jogos amigáveis em datas que são no mínimo discutíveis (o que andava Portugal a fazer nos EUA numa altura em que todas as outras selecções estavam no Brasil a adaptar-se ao ambiente e ao clima?). Enquanto essa revolução não acontecer não vai existir selecção de Portugal, não vai existir aposta de formação de jogadores portugueses nem vai existir uma verdadeira "escola" no futebol português. 

Existem outras questões relevantes, como uma convocatória que de tão ridícula chega a ser provocatória, uma atitude de um orgulho exacerbado e de uma arrogância absurda de um seleccionador que nunca mostrou ter qualidade para o ser e não faz mais do que cumprir ordens, uma falta de atitude e entendimento entre os jogadores dentro do campo que faz confusão a qualquer amador, uma falta de frescura física que é apenas a prova da incompetência de quem prepara este grupo de jogadores... e existe muito mais, mas tudo  vai continuar exactamente na mesma enquanto uma verdadeira mudança não acontecer e o mal não for cortado pela raiz. Se não for com Paulo Bento será com outro treinador igualmente incompetente e sem voz própria, se não for com este grupo de jogadores medianos (para ser simpático) será com outros de igual valor, se não for para agradar aos senhores que mandam agora será para agradar a outros que vivem o futebol da mesma forma que os anteriores. 

Conclusão: O problema de Portugal não é ter menos opções, não é ser futebolisticamente mais fraco. O verdadeiro problema da selecção portuguesa é a incompetência da sua Federação e de quem para ela trabalha. E não vale a pena usar a desculpa mais do que batida de sermos um país pequeno (se o tamanho realmente contasse o que seria da Holanda e da Bélgica?). A única coisa em que somos realmente pequenos é na mentalidade e na forma de estar e de agir e enquanto assim for continuaremos a embalar malas mais cedo, a despedir-nos com as desculpas e a arrogância do costume e a chegar a casa com atitude, com estilo e com os bolsos cheios de dinheiro. Se calhar é mesmo isso que interessa a alguns...