sexta-feira, 22 de março de 2013

Eterno fado da matemática



Passar os olhos pelas convocatórias de Paulo Bento e por todos os seus equívocos é um exercício de pura comédia. Assistir a uma partida de futebol desta equipa de amigos que o seleccionador português criou é um autêntico desperdício de tempo, um martírio apenas ao alcance do mais radical sadomasoquista. Não há uma coerência e nem mesmo uma lógica nas convocatórias (até há mas pela negativa), não existe a mínima organização dentro do campo, não se vê fio de jogo e, verdade seja dita (nunca pensei escrever tal coisa) até o espirito guerreiro, a garra e a paixão pelo desafio incutido pelo sargentão brasileiro se perdeu. O problema da selecção portuguesa é de tal forma grave, que nas mão de Paulo Bento até fenómenos como Cristiano Ronaldo ou João Moutinho se parecem com jogadores vulgares e isso é trabalho que não está ao alcance de qualquer um. 

A equipa das quinas até poderia ter vencido o jogo em Israel (seria tremendamente injusto) que não apagava a miserável exibição com que destruiu o almoço de milhares de portugueses. Assistindo a 90 minutos de jogo desta equipa, percebe-se perfeitamente o porquê de 5 jogos consecutivos sem vencer, ficando apenas por perceber o porquê de tanta teimosia por parte de Paulo Bento e, tal como em tempos escrevi aqui em relação ao mesmo senhor, a teimosia em excesso não é mais do que estupidez. 

É verdade que falar depois do jogo é sempre mais fácil e eu corro esse risco, mas não é menos verdade que depois de ver uma convocatória a todos os níveis ridícula (os mesmos critérios desajustados de sempre) e depois de ver um 11 talhado para o insucesso não era de esperar melhor fim para o primeiro jogo desta dupla jornada de qualificação. O resultado (3-3), tendo em conta as incidências do jogo, até pode parecer um mal menor, mas quando damos por nós a "festejar" um empate tardio contra esta "poderosa" selecção de Israel, está tudo dito... ao ponto a que isto chegou! O apuramento para o Mundial do Brasil está cada vez mais dependente das habituais contas, mas a verdade é que Portugal ainda não mostrou nada para merecer lá estar!


Dúvida: Como se explica que Paulo Bento tenho ignorado Varela nos seus melhores momentos de forma, fazendo dele eterno suplente do pouco inspirado Nani e agora, no momento em que o Drogba da Caparica atravessa a pior fase da sua carreira, lhe entregue a titularidade para um jogo tão importante como este tendo Pizzi, Vieirinha e Danny no banco? Há coisas que nem o seleccionador é capaz de explicar!

segunda-feira, 18 de março de 2013

JJ agradece e desembrulha



VITÓRIA SC vs SL BENFICA (0-4)

Ao contrário do FC Porto, o SL Benfica de Jorge Jesus soube lidar com a pressão e o esgotamento físico de um jogo a meio da semana, para cimentar ainda mais a liderança isolada do campeonato português. Depois da desgraça da época passada em que uma má gestão dos jogadores disponíveis empurrou os lisboetas para fora de todas as competições (excepção feita à Taça da Liga), Jorge Jesus vai mostrando que aprendeu com os próprios erros e faz agora uma gestão criteriosa dos seus principais atletas, sem nunca retirar competitividade e qualidade à equipa. Quando assim é, torna-se muito mais fácil atingir objectivos. 

Depois de mais uma vitória nas competições europeias que colocou o SL Benfica nos quartos de final da Europa League (é sem dúvida um dos mais fortes candidatos à vitória final), os encarnados subiram ao relvado de Guimarães cientes da possibilidade de aumentar para quatro pontos a vantagem sobre o FC Porto. Quem pensava que esse "pormenor" aumentaria a pressão sobre os jogadores enganou-se redondamente pois, mais uma vez, os comandados de Jorge Jesus entraram em campo com uma enorme disponibilidade mental e física, um jogo ofensivo de grande qualidade e uma enorme tranquilidade para saber esperar o golo, que mostra bem a forma adulta como a equipa se comporta. Não espantou por isso que o SL Benfica fosse tomando conta do jogo e "apertando" a jovem equipa do Guimarães até a massacrar com uma chuva de golos. O jogo da cidade berço, deu para golear, entusiasmar os adeptos, aumentar a vantagem sobre o segundo classificado e ainda para passear durante largos minutos, gerindo o esforço físico com a bola nos pés. Pode não ter sido uma exibição brilhante da equipa de Jorge Jesus, mas foi sem qualquer dúvida uma mostra de maturidade, profissionalismo e enorme auto-confiança. 

Depois de mais uma escorregadela azul e branca, o SL Benfica mostrou estar mais preparado para enfrentar a fase decisiva da época e respondeu com quatro golos, tendo agora tudo a seu favor para chegar ao tão desejado título. Mas atenção, além do campeonato nacional há ainda uma Taça de Portugal e uma Europa League para disputar. Esta pode muito bem ser uma época histórica para os encarnados da Luz.    

VP embrulha o título



CS MARÍTIMO VS FC PORTO (1-1)

Depois de uma eliminação inesperada em Espanha, o FC Porto deslocou-se à Madeira com o objectivo de assegurar os três pontos, esquecer o trauma das competições europeias, manter-se na luta pelo título nacional e colocar pressão no SL Benfica, ganhando um novo ânimo para o que resta da época. Aconteceu tudo ao contrário e a verdade é que os portistas vão regressar ao continente em muito pior estado do que estavam. Terá Vítor Pereira força para sair disto "vivo"? Dificilmente! 

Depois de uma poupança de esforços mal calculada ter afastado os dragões da Taça de Portugal, Vítor Pereira conseguiu a proeza de, em apenas 5 dias destruir o que restava da época azul e branca e quase de certeza das suas esperanças num futuro de dragão ao peito. Após o falhanço redondo que foi a preparação, o jogo e o pós-jogo dos oitavos de final da Champions League, o FC Porto entrava em campo com margem reduzida para errar. Os adeptos sabiam disso, os jogadores sabiam disso, o treinador sabia disso, mas ainda assim o que se viu na Madeira foi um FC Porto sem ideias, sem mobilidade, abatido psicologicamente, sem força, sem garra, fisicamente desgastado (são inúmeras as lesões e quase não há jogador que se mostre fisicamente disponível) e pior ainda sem qualidade para dar a volta às contrariedades do jogo. Durante 90 minutos o campeão nacional voltou a mostrar uma enorme percentagem de posse de bola que raramente consegue transformar em lances perigosos ou jogadas de golo iminente. A equipa perde-se em passes laterais e para trás que mais não significam do que um mastigar de jogo enfadonho. Se a tudo isto juntarmos a gritante falta de eficácia da equipa, facilmente se chega à conclusão de que o resultado dificilmente poderia ser outro que não uma escorregadela, que estende uma enorme passadeira vermelha para o título. 

Vítor Pereira voltou a falhar na construção da sua equipa, voltou a não ser capaz de montar uma estratégia que derrubasse a muralha defensiva dos madeirenses e falhou redondamente na leitura que foi fazendo ao longo do jogo. Só assim se explica o 11 inicial, a forma como a equipa se movimentou dentro do campo, as substituições e as palavras proferidas depois de tão miserável exibição. Como se explica que o FC Porto adquira um ponta de lança (Liedson) no mês de Janeiro e num jogo em que precisa de marcar golos esse mesmo avançado não se levante do banco nem mesmo para aquecer? Será que Liedson não está em condições físicas? Mas se não está, como se explica que esteja no banco de suplentes apenas para ocupar lugar? Tem sido desastrosa a gestão feita pelo treinador do FC Porto, assim como desastrosa parece ser a preparação física da sua equipa (tantas lesões musculares numa época só?). São demasiados erros e equívocos que vão custando objectivos (a Taça de Portugal e a Champions league já foram... o campeonato vai a caminho) e que no futuro custarão certamente (espantaria-me o contrário) o futuro de Vítor Pereira no Dragão. 

quarta-feira, 6 de março de 2013

UEFA: negócio ou futebol?


Imagem retirada do site: www.abola.pt
Em Old Trafford, o Manchester United FC sentiu na pele a importância e o peso que representa para a UEFA ter um dos grandes clubes espanhóis na final da Champions League. Depois do acidente da época passada que fez cair aos pés de Chelsea FC e FC Bayern Munchen os catalães e madrilenos respectivamente e, numa altura em que a equipa de Messi e companhia está com um pé fora da competição, era de um enorme prejuízo para a UEFA deixar cair também o campeão espanhol, correndo o risco de deixar Espanha sem qualquer representante nos quartos de final (Valência está praticamente eliminado e o Málaga FC em desvantagem). Pela lógica, e pelo que estava a acontecer dentro do campo, a derrota do Real Madrid CF seria mesmo o final mais previsível, mas num único segundo tudo muda e uma decisão que tem tanto de ridícula como suspeita (expulsão de Nani numa altura em que a sua equipa estava em vantagem) atirou borda fora os ingleses. 

Infelizmente, este tipo de coincidências vêm-se arrastando ao longo das últimas épocas sob o olhar atento e cúmplice do senhor anti-corrupção, esse exemplo de honestidade e integridade que dá pelo nome de Platini. O negócio ainda é o negócio, pelo que a presença de um clube de classe média numa final da Champions League (como aconteceu com o FC Porto em 2004 por exemplo) não passa de uma enorme ilusão!

Na próxima semana o AC Milan que se cuide porque, afinal de contas, a final de sonho do manda-chuva francês continua a ser - ele próprio o admitiu - o Real Madrid CF vs FC Barcelona!

segunda-feira, 4 de março de 2013

Clássico(zinho)



SPORTING CP vs FC PORTO (0-0)

O FC Porto vs Sporting CP que se jogou no fim de semana não passou de um "clássicozinho", um jogo quase banal e sem grandes motivos de interesse, onde nenhuma das duas equipas fez por merecer a vitória ou por dignificar a qualidade do futebol português.

Sem João Moutinho - baixa de última hora - o FC Porto entrou em Alvalade da mesma forma que entrou em muitos dos jogos da presente temporada, ou seja, a uma velocidade de tal forma reduzida que chega a dar sono ao mais ferrenho adepto de futebol. Com uma posse de bola que teve tanto de notável como de inútil - jogando para o lado e para trás - a equipa de Vítor Pereira - não se percebe a ideia de "colar" Defour a Fernando - não só se adormeceu a si própria no jogo como manteve o Sporting CP instalado na sua zona de conforto - atrás do meio campo -, explorando o pontapé para a frente onde Wolfswinkel se envolvia numa luta desigual com os centrais portistas. Se o FC Porto tinha tudo para conquistar uma grande vitória e dar um passo importantíssimo rumo ao tri-campeonato - não são muitos as oportunidades de defrontar um Sporting CP de tão pouca qualidade -, a verdade é que deu uma enorme sapatada nas suas aspirações - apesar de depender apenas de si - e mais ainda, praticou um futebol de tão baixo nível que deixou os seus adeptos à beira de um ataque de nervos. Se João Moutinho e Mangala já seriam baixas de vulto, um varela limitado a duas velocidades - lento e parado - um Jackson estranhamente apático e longe do jogo, um Alex Sandro apagado e um Lucho sozinho a tentar segurar o meio campo, são ingredientes mais do que suficientes para um jogo de sofrimento que acabou com um resultado negativo. Não poderia ser de outra forma. Ao dragão faltou garra e atitude!

Por seu lado, o Sporting CP fez o jogo que se esperava, mantendo a sua equipa sempre atrás da linha da bola e defendendo da forma como podia, lançando de quando em vez a corrida desenfreada mas inconsequente de Wolfwinkel que sozinho no meio de dois centrais portistas não desistia de tentar fazer a diferença. Se de um lado não havia consequência do outro não havia sequer fio de jogo e não fossem as falhas de atenção dos defesas portistas a permitir as melhores chances de golo aos da casa e certamente eu teria mesmo adormecido. No meio de tudo isto, nota positiva para Jesualdo ferreira que percebeu e bem as limitações do futebol portista sem João Moutinho e fez questão de encostar o "matulão" Dier ao único construtor portista -Lucho Gonzalez - limitando e muito as suas acções. O argentino ainda deu trabalho e manteve o meio campo da sua equipa vivo mas, verdade seja dita, com 32 anos a sua força já não pode durar 90 minutos.

No final fica o registo de um clássico do mais fraco que se viu nos últimos anos, entre duas equipas que, apesar de tudo, podiam e deviam fazer muito mais!


Destaques:

Dier: O jogador inglês foi surpresa no meio campo leonino mas cedo mostrou que era o homem certo para a tarefa. Soube segurar e limitar as acções de Lucho Gonzalez e, pese embora, o argentino tenha sido o melhor dos azuis e brancos, só não foi mais perigoso porque Dier não permitiu.

Patrício: Depois da noite infeliz no Estoril e da reprimenda do treinador, o guarda redes leonino mostrou que podem e devem contar com ele. Esteve sempre atento e seguro na baliza, matando toda e qualquer oportunidade de golo portista.

Lucho Gonzalez: O capitão argentino foi a alma e o coração da equipa portista. Foi ele que segurou o meio campo, que pressionou as saídas dos leões e que tentou levar com sucesso a bola para o ataque. Esteve sempre bem marcado pelo inglês Dier mas a sua classe acabou por vir ao de cima. Infelizmente já não dura 90 minutos em ritmo elevado e a sua equipa sentiu essa quebra.

Hélton: O guarda redes brasileiro acabou por ter mais trabalho do que estava a espera mas mostrou-se sempre rápido, eficaz e seguro. Salvou o FC Porto de um amargo de boca maior por duas vezes, negando o golo a Wolfswinkel.