quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Não houve tango em Paris



PARIS SG vs FC PORTO (2-1)

À última jornada do grupo A da Champions League 2012/2013 o FC Porto conheceu pela primeira vez o sabor da derrota, caindo para o segundo lugar e sujeitando-se a defrontar nos oitavos de final da prova um dos primeiros classificados - tendo em conta as classificação dos vários grupos até poderá nem ser mau. 

O jogo de Paris começou com a equipa da casa a toda a velocidade. Muita pressão, muita velocidade e uma qualidade técnica fabulosa só ao alcance de alguns jogadores - Ibrahimovic, Pastore e Lavezzi por exemplo - e muito poucas contas bancárias. Com o FC Porto bem organizado defensivamente - este foi mesmo o sector mais forte da equipa - mas sem conseguir criar jogo ofensivo, fruto de um meio campo muito preso de movimentos, os franceses rondavam a baliza de Helton sem o sucesso desejado. O FC Porto sacudia o perigo da forma que podia, mas não mostrava lucidez na hora de atacar. James raramente se destacava pois estava a ser bem marcado, Varela nunca apareceu no jogo e o colombiano Jackson era um homem só na frente de ataque azul e branca. Não espantou por isso que o entusiasmo dos homens da cidade luz fosse crescendo a cada minuto, sempre na esperança que o talento dos seus craques pagos a peso de ouro fizesse o resto, o golo. Ao 29 minutos e, verdade seja dita, numa fase em que os portugueses até ja tinham equilibrado o jogo, conseguindo segurar a posse de bola e partir para o ataque com cabeça e convicção, o Paris SG chega à vantagem por intermédio de Thiago Silva, que nas alturas ganhou de cabeça a Danilo. O FC Porto via-se em desvantagem - algo inédito nesta Champions League - mas não tremeu e em pouco tempo voltou a repor a igualdade. Uma assistência perfeita de Danilo e Jackson Martinez, de cabeça, colocou o resultado em 1-1 quando apenas tinham passado 4 minutos desde o golo francês. Até ao intervalo, o jogo foi disputado a um bom ritmo, com enorme equilíbrio entre as duas equipas, mas sem grandes oportunidades de golo. 

Tal como na primeira parte, os franceses regressaram do intervalo com muita força e vontade de chegar à vantagem, mas quem esperava um continuar do grande jogo que foram os primeiros 45 minutos, saiu tremendamente desiludido. Depois de 5 minutos a bom ritmo, a qualidade do jogo começou a cair a pique e aquilo que havia sido um jogo frenético estava agora transformado num jogo aborrecido. Esta toada sonolenta durou até ao minuto 61, altura em que Helton - talvez adormecido pelo tédio do jogo - deixou entrar na sua baliza uma bola de defesa fácil. Sem que nada o fizesse prever, um monumental frango de Helton - que em tantos momentos já salvou o FC Porto - colocou novamente os franceses em vantagem e voltou a dar uma sapatada no jogo. Tal como no primeiro tempo, o FC Porto reagiu de imediato ao golo e foi à procura do empate. Desta vez não houve Cha Cha Cha - Jackson falhou na cara de Sirigu o empate -, o Tango também não esteve afinado - Lucho falhou na recarga de baliza aberta - e o resultado não se alterou. 

Com o resultado desfavorável, Vítor Pereira demorou uma eternidade a mexer na equipa. A troca de Fernando por Defour era obrigatória uma vez que o brasileiro não estava em bom estado, mas depois de estar a perder e a precisar de um golo mexer na equipa apenas aos 85 minutos é algo que me ultrapassa. Atsu deveria ter entrado em jogo muito mais cedo - Varela não existiu desde o início - e a desesperada tentativa de jogar em 3-4-3, juntando Abdoulaye a Otamendi e Mangala foi tão tardia que não chegou a ter qualquer efeito. Apesar do Paris SG ser uma equipa de enorme valia financeira e ter no seu plantel jogadores tecnicamente fabulosos, a verdade é que colectivamente o FC Porto não é inferior aos franceses - isso ficou provado no jogo do Dragão - e, por isso mesmo, esperava-se muito mais da equipa de Vítor Pereira. Afinal, todas aquelas absurdas poupanças de Braga foram para quê?

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