quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Católicos traíram Jesus



FC BARCELONA vs SL BENFICA (0-0)

Estava tudo reunido para que o SL Benfica conseguisse o apuramento para os oitavos de final da Champions League. Apesar da difícil tarefa que é jogar na Catalunha, fica bem mais fácil quando a equipa da casa se apresenta com apenas um habitual titular e com cinco jogadores da equipa B e, mais ainda, quando a estrela da companhia - Leonel Messi - se lesiona 25 minutos depois de entrar. Ao SL Benfica pedia-se que jogasse bem, com cabeça, com garra e, acima de tudo, fosse eficaz - e isso é tão importante nesta competição. Os homens de Jorge Jesus foram capazes - principalmente na primeira parte - de fazer quase tudo isso, mas na hora de atirar à baliza o desperdício foi demasiado. Uns podem-lhe chamar azar, mas a meu ver os portugueses apenas se podem queixar de si próprios. Afinal de contas, haverá melhor sorte do que apanhar este FC Barcelona em plena Champions League?

Enquanto as forças duraram e os homens do FC Barcelona corriam desnorteados pelo campo, tentando imitar o "tiki taka" que os habituais titulares fazem de olhos fechados e na perfeição, o SL Benfica conseguiu impor o seu jogo, pressionar bem alto, aproveitar a velocidade dos seus alas e criar verdadeiros calafrios aos adeptos catalães. Durante o primeiro tempo foram inúmeras as oportunidades de golo que os portugueses desperdiçaram. Quando não foi Pinto e o poste a negar o golo aos encarnados, foi a falta de pontaria a trair a equipa da Luz. O FC Barcelona pouco ou nada incomodava Artur e se os portugueses chegassem ao intervalo a vencer, seria certamente um prémio justo para quem tanto trabalhou e um castigo para quem olhou de forma tão sobranceira a qualidade do adversário. É verdade que a "cantera" do FC Barcelona é excelente e de lá saíram alguns dos maiores talentos do futebol mundial, mas jogar com uma equipa construída  desta forma num jogo da Champions League é um autêntico suicídio. Os catalães deram todos os brindes e mais alguns, o SL Benfica não aproveitou. 

Na segunda parte, mesmo não fazendo uma boa exibição, a equipa Catalã equilibrou a pouco e pouco o jogo, conseguindo impor o ritmo que lhe interessava. A culpa, ou pelo menos a grande parte dela, foi a quebra física dos jogadores do SL Benfica. Ola John, que tão bem tinha estado no primeiro tempo, tornou-se menos explosivo e mais previsível, Nolito tornou-se um jogador faltoso e, lá na frente, Lima e Rodrigo iam desaparecendo. Tornava-se confortável para os catalães trocar a bola no meio campo e, em determinados momentos, explorar a velocidade de Tello que, aproveitando a pouca ajuda de Ola John nos momentos defensivos, ia fazendo a cabeça de Maxi Pereira em água. Jorge Jesus sentiu um FC Barcelona bem mais perigoso e viu-se obrigado a mexer, mas não o fez da melhor forma. Se tirar Nolito era quase óbvio, colocar Bruno Cesar no seu lugar deixando Gaitan sentado no banco não lembra mesmo a ninguém. Os encarnados continuaram lentos nas alas e, pior ainda, perderam a raça nos momentos defensivos. Já com Messi em campo, a história prometia complicar-se um pouco mais. E na verdade, no pouco tempo que esteve em campo, o argentino criou a melhor situação de golo da segunda parte. Falhou - enorme intervenção de Artur - e saiu lesionado, nascendo nova esperança para os portugueses que enfrentariam o resto do jogo com um homem a mais. 

Nos últimos minutos do jogo e, certamente, com o conhecimento do resultado que o Celtic Glasgow ia conseguindo em casa - os escoceses venciam 2-1 - o jogo do SL Benfica foi feito muito mais com o coração do que com a cabeça. Nesta fase do jogo, em que era necessário dar o tudo por tudo para chegar ao golo, até porque tendo em conta as circunstâncias, empatar ou perder ia dar rigorosamente ao mesmo - Europa League - pedia-se mais cabeça, mais concentração e uma muito melhor capacidade de aproveitar o espaço que os catalães permitiam. A jogar com um homem a mais o SL Benfica nunca foi capaz de pegar no jogo e de se instalar com perigo perto da baliza de Pinto, conseguindo apenas no último lance da partida estar novamente perto do golo e partir o coração de milhões de adeptos. Primeiro Cardozo e depois Maxi deveriam ter feito muito melhor. O SL Benfica não foi além do empate no Camp Nou o que, tendo em conta a vitória dos escoceses em casa, deixa os encarnados no terceiro lugar do grupo. Pelo jogo que fez, pelo espirito que demonstrou e até pelas oportunidades que criou o SL Benfica podia ter conseguido mais do que um empate na Catalunha, mas quem não aproveita tamanha oportunidade para o fazer, só se pode queixar de si. 

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