domingo, 7 de setembro de 2014

Mercado dos Grandes - FC Porto



Depois daquela que foi a pior época desportiva dos últimos 30 anos no Dragão, Pinto da Costa desenhou a maior revolução de sempre no futebol azul e branco... e revolução não é de todo um termo exagerado. Muita coisa mudou no clube da invicta, desde o plantel à equipa técnica, até às responsabilidades do treinador na estrutura e o seu poder nas decisões de mercado (algo que não acontecia possivelmente desde Mourinho). Tudo começou com a contratação (bem cedo) do treinador Julen Lopetegui a quem foi oferecido um contrato de três anos (logo aí se começaram a notar as diferenças)... o FC Porto não queria apenas um treinador mas sim um "manager" para redefinir o seu futebol profissional e trabalhar não só no presente mas num futuro a médio/longo prazo, o que explica também a contratação de alguém com o perfil de Julen Lopetegui, com provas dadas no trabalho com jovens (campeão do Mundo pelas selecções de base espanholas) e com fama de conhecimento, exigência, rigor e disciplina dentro e fora das quatro linhas (até Quaresma já sentiu isso na pele). Mas se Julen Lopetegui traz isso tudo ao Porto, a sua qualidade e verdadeira capacidade para agarrar este projecto é ainda uma incógnita (pese embora o promissor início de temporada) pois o espanhol nunca trabalhou como treinador num clube grande e não tem mesmo experiência relevante no futebol sénior ao nível dos clubes. Apesar do projecto ser a médio/longo prazo (o contrato de três anos e as palavras do presidente mostram isso), num clube como o FC Porto é obrigatório vencer e estar dois anos sem o fazer poderá ser incomportável, pelo que o futuro do clube tem obrigatoriamente que começar já no presente... e esse presente significa uma enorme pressão sobre o treinador.

Para que a revolução e o regresso às vitórias fosse uma realidade alcançável o FC porto precisava de uma autêntica renovação no seu plantel. Era notória a existência de jogadores insatisfeito e ainda mais notória a existência de jogadores que, pese embora a humildade e o voluntarismo (até algum portismo), não tinham qualidade para um clube de tamanha dimensão. Partindo deste pressuposto, o clube concretizou um número de contratações que bate todos os recordes azuis e brancos e com a ajuda do treinador, dos seus contactos e influências trouxe para o Dragão jogadores com o reconhecimento internacional e a qualidade de Oliver, Tello, Adrian Lopez ou Brahimi, contornando as exigências financeiras do mercado com alguns empréstimos (uns com e outros sem opção de compra), também isso uma novidade na realidade azul e branca. A verdade é que Julen Lopetegui escolheu os jogadores que, na sua opinião, precisava para construir um FC Porto mais forte. Pinto da Costa fez questão de lhos oferecer, nem sempre as primeiras opções do espanhol (algumas eram mesmo impossíveis) mas ainda assim opções de qualidade suficiente (e quantidade também) para se poder afirmar que o FC Porto tem, apesar da saída de jogadores do talento de Mangala e Fernando, o melhor plantel dos últimos anos e que Lopetegui é possivelmente o treinador portista da última década com maior responsabilidade de sucesso. Mais não seja tem um plantel novo em folha todo ele (ou quase todo) escolhido a dedo por si, jogador por jogador, posição por posição. Julen Lopetegui tem em mãos um plantel bastante equilibrado (coisa que há uns anos não se via no FC Porto), repleto de opções de grande qualidade (não é a toa que já vimos no banco gente como Quintero, Casemiro, Adrian, Quaresma e até Tello) e capaz de fazer frente a todas as exigências de uma longa e desgastante temporada. O grande desafio do espanhol está agora em saber "domar" todo este talento e todos estes egos e saber gerir as ambições de um plantel tão jovem, com tanta qualidade e margem de progressão. Tem a palavra o espanhol, que já mostrou não olhar a valores, salários, nacionalidades ou idades para construir a sua equipa.

Apesar da saída de dois jogadores fundamentais, o FC Porto corrigiu as principais lacunas do seu anterior plantel (concorrência nas laterais, alternativa válida ao ponta de lança e opções nas alas) e assegurou a permanência de Jackson Martinez, que se tornou numa das grandes "contratações" do defeso portista. O FC porto tem este ano mais e melhores opções e está por isso no topo dos favoritos a vencer o título (a par do SL Benfica), mas o favoritismo tem de ser comprovado dentro do campo e é isso que irá definir o futuro deste novo projecto portista e até mesmo do seu treinador, pois é impossível manter um plantel desta dimensão e com jogadores desta qualidade sem títulos conquistados e sem glória. 

Falando no mercado portista é impossível não falar em Rúben Neves. Numa altura em que o jogador português escasseia (no porto há apenas quatro) e até mesmo a selecção vive um dos períodos mais negros, o aparecimento de um miúdo da formação (tem apenas 17 anos) com tanto talento e maturidade é uma lufada de ar fresco para o nosso futebol. É nestes miúdos que precisamos apostar e Rúben Neves pode ser um exemplo de que a aposta na formação vale a pena. Estes jovens jogadores portugueses só precisam de confiança e de alguém que aposte verdadeiramente neles, até porque muitas vezes têm o lugar tapado por outros que não lhes são em nada superiores. Talvez Rúben tenha tido a sorte de aparecer no Porto na altura certa e principalmente com o treinador certo!


  


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