terça-feira, 24 de setembro de 2013

Fernando: problema ou solução?



Os tri-campeões nacionais, talvez desiludidos com o futebol pouco entusiasmante da equipa de Vítor Pereira e ainda mais desiludidos com as prestações europeias da mesma, decidiu apostar na juventude de Paulo Fonseca para dar um passo em frente no futebol do FC Porto. Se é verdade que os adeptos não se podem queixar do percurso da equipa até ao momento (7 jogos oficiais, 6 vitórias, 1 empate e 1 supertaça conquistada), não será menos verdade que o futebol da equipa portista não tem entusiasmado minimamente os adeptos... e não há resultado que o consiga esconder!

O FC Porto treinado por Paulo Fonseca conta com um plantel mais equilibrado do que o da época passada, mas ao mesmo tempo sente-se, jogo após jogo, orfão da organização e inteligência de João Moutinho e da magia de James Rodriguez (as duas principais vendas do clube) e começa a ser frustante para qualquer adepto perceber que o melhor Lucho dos últimos anos (está numa forma impressionante) tem sido desperdiçado no meio de tanta falta de consistência e tantas indefinições. A meu ver, Paulo Fonseca está a cometer no FC Porto um erro que lhe pode custar caro, erro esse que se desenha em torno de um dos maiores nomes do núcleo duro azul e branco: Fernando.

O médio defensivo brasileiro é, sem qualquer dúvida, um dos melhores pivôs defensivos do futebol mundial, um jogador com uma inteligência táctica defensiva incrível, com uma capacidade de ler os movimentos dos adversário muito acima da média e com uma abrangência de jogo defensivo simplesmente assombrosa (por alguma razão lhe chamam Polvo). O grande problema para Paulo Fonseca e para o FC Porto é que Fernando é isso e nada mais. Apostando num meio campo em que existem dois jogadores mais defensivos a jogar em linha, o treinador do FC Porto "obriga" Fernando a desempenhar funções para as quais não está de todo talhado, abdicando de um pivô de topo para ganhar um médio pouco mais do que banal, que tem dificuldades em partilhar o seu espaço defensivo com outro jogador e que raramente consegue sair a jogar com qualidade. Este é, na minha opinião, um pormenor que faz toda a diferença na consistência e qualidade do futebol portista. Neste caso e, em beneficio do próprio clube, parece-me que Paulo Fonseca precisa de tomar uma de duas decisões: ou abdica do "seu" duplo pivô, entregando a posição "6" a Fernando e montando o meio campo portista à imagem do de Vítor Pereira, ou por outro lado, abdica de Fernando e descobre alguém capaz de interpretar de outra forma o seus sistema de jogo (é aqui que eu pergunto o que é feito de Herrera). Só assim o meio campo do FC Porto poderá ganhar consistência (que se estende ao sector defensivo) e equilibrar o seu jogo... o futebol portista precisa disso e, verdade seja dita, Lucho Gonzalez e a qualidade do seu futebol merecem-no! Depois há ainda que encontrar espaço para um talento como o de Quintero, mas aí a música é outra e sobre esse tema falaremos mais tarde...

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