domingo, 3 de agosto de 2014

... sem passar na casa partida!




Depois de tanto ter resistido no seu posto de comando a vida do dirigismo desportivo começa (finalmente dirá quem ainda tem alguma estima pelo futebol português e já agora pela democracia) a correr mal ao senhor Mário Figueiredo. Quando até o seu sogro (ou ex-sogro ou seja lá o que os une) e principal apoiante coloca em causa a competência do presidente é sinal que alguma coisa vai mal nos corredores da liga... zangam-se as comadres e o resto já sabemos como é!

Ao longo dos últimos anos todos percebemos que o senhor Mário Figueiredo é um personagem pouco sério, uma criatura sedenta de poder e protagonismo e um bom aldrabão daqueles que não olha a meios para atingir fins. Mas uma coisa é certa, o senhor Mário é um homem inteligente... talvez inteligente seja uma palavra demasiado forte para descrever a figura... vá lá, digamos que o senhor até é esperto.
Quando decidiu abandonar o conforto da asa do sogro e dedicar-se a ser mais um dos que vive do futebol, o senhor Mário Figueiredo usou de todas as artimanhas ao seu alcance para vencer. Mentiu descaradamente, fez promessas utópicas e tão ridículas que ele próprio sabia não poder cumprir e, percebendo que a maioria dos dirigentes tem tanta sede de protagonismo como ele próprio, soube fazer destes autênticas marionetas e conseguiu uma vitória suportada pela grande maioria dos clubes de menor dimensão, que viram nas suas alucinantes promessas uma imensa janela de oportunidades.

Depois de chegar ao poleiro (como se diz em bom português) a história é a já conhecida e o seu mandato caracteriza-se pela incompetência e pelos esquemas com que se vai mantendo de cabeça à tona da água. A incapacidade para dirigir os destinos da Liga Portuguesa de Futebol é de tal forma gritante que uma das competições organizadas e geridas pelo órgão que preside é uma imagem fidedigna da sua direcção. A Taça da Liga é uma competição desajustada da realidade, mal organizada, pouco aliciante e ainda menos séria (assenta num formato desenhado com o objectivo claro de levar um dos clubes grandes à vitória). A competição esta de tal forma descredibilizada que já nem o presidente da Liga a defende, muito pelo contrário, é o primeiro a condená-la. Mas apesar de toda a incompetência e incapacidade Mário Figueiredo foi dirigindo a sua "democrática" Liga de Clubes (é um termo seu e não meu) sempre em torno do seu próprio umbigo, resistindo a todo o descontentamento e agarrando-se com unhas e dentes à sua confortável cadeira de poder, fazendo de tudo (legal e ilegal) para não ser despejado e não se ver novamente obrigado a bater à porta do sogro.

Durante os últimos tempos a contestação aumentou e aumentaram também os pedidos de explicações sobres as suas ideias e a sua liderança, mas Mário foi sendo capaz de se desviar de todas as "balas" evitando dar justificações, recusando reuniões extraordinárias e fechando as portas da "sua" liga a todos aqueles que deveria defender: os clubes. Mas (espantem-se) no meio de tudo isto ainda conseguiu ter o apoio de altas figuras do dirigismo desportivo que foram empurrando o problema com a barriga (cheia pois claro) para a data das eleições.
Como é óbvio, e nem é preciso ser tão esperto como o senhor Mário para perceber, alguém que sempre fez de tudo para manter o seu lugar de poder não iria permitir que tal regalia lhe fosse retirada com umas simples e estas sim democráticas eleições. Era óbvio que uma figura que tanto suga ao futebol não ia sair assim apenas e só porque umas míseras eleições dizem que tem de ser. Não me espantou por isso (acho que não pode espantar a ninguém) que ao perceber que qualquer uma das candidaturas adversárias era capaz de vencer a sua, o senhor presidente da Liga Portuguesa de Futebol tenha arranjado uma forma (legal ou não pouco lhe interessa) de, juntamente com as suas cabeças pensantes, tornar elegíveis todas as listas de candidatos com excepção da sua. Os oponentes não cumpriam os requisitos/regras que Figueiredo decidiu criar e por isso foram afastados da corrida pouco antes da data marcada para as eleições.

Mário Figueiredo foi, qual "ditadorzeco" de meia tigela, sozinho a votos e venceu (mesmo sozinho teve um número de votos mais ridículo do que as próprias eleições). Festejou, regozijou-se e ainda teve a distinta lata de dizer que com a sua vitória tinha sido o futebol português a vencer.
Como era de prever, tendo em conta a sujeira de todo este processo, os candidatos derrotados (neste caso afastados antes das eleições) não iam ficar de braços cruzados a ver o senhor presidente  embebido em orgulho ocupar a sua cadeira de poder e por isso recorreram à justiça nunca última tentativa de por cobro à situação e acabar com a pouca vergonha em que se transformou a Liga Portuguesa de Futebol. Assim sendo, o tribunal constitucional veio agora dizer o que já se previa e desconfiava desde o inicio, garantindo a legibilidade de pelo menos uma das candidaturas e considerando ilegal todo o "jogo de cintura" usado por Mário Figueiredo e pelos seus pares para manter o pomposo título de presidente. Posto isto, as eleições estão anuladas e serão repetidas futuramente, sendo que neste novo acto eleitoral o senhor Mário não irá sozinho às urnas. Como a derrota é um resultado quase garantido seja qual for o oponente, a máscara começa finalmente a cair, o tabuleiro deste autêntico jogo de monopólio a fugir-lhe por baixo dos pés e nem mesmo o apoio surpreendente de algumas figuras (tem o apoio do último cruzado na luta pela honestidade e verdade do futebol - Bruno de Carvalho!) vai impedir o futebol português de se livrar de uma das piores e mais tristes figuras da sua história. Agora restará ao senhor Mário voltar a bater à porta do sogro, esperando que este não lhe tenha fechado o portão à chave ou que, em ultimo caso, lhe solte os cães.

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