sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Operação Champions "Lille"



Após uma época miserável e uma revolução que resultou na contratação de mais de uma dezena de jogadores e numa nova equipa técnica o FC Porto apresenta, neste momento, um plantel com muito mais soluções e qualidade do que o anterior, onde em alguns sectores os índices de produtividade eram verdadeiramente sofríveis. Não é por isso de estranhar e, verdade seja dita, é perfeitamente legitimo que os dragões apostem e aspirem a uma boa prestação em provas internacionais (falo de Champions League claro) onde até são uma das equipas com mais participações. Até mesmo pela qualidade (potencial qualidade) do plantel ao serviço do espanhol Lopetegui, esse tem de ser um objectivo bem definido e trabalhado e, mais do que isso, tem de ser uma realidade. O contrário resultará apenas num claro fracasso.

Mas se o entusiasmo portista com esta nova equipa aponta para isso, a realidade e a frieza objectiva das coisas diz-nos que antes de dar como garantida uma boa prestação europeia ou sequer a presença na Champions League, o FC Porto tem de enfrentar um dos desafios mais importantes da temporada a todos os níveis: a pré-eliminatória da Champions League, que servirá para medir o pulso à equipa mas que fundamentalmente será a definição da realidade em que o clube ficará inserido, quer a nível futebolístico quer orçamental a um curto/médio prazo. Aqui não pode haver desculpa de equipa nova, de má forma física ou de falta de entrosamento entre os atletas. O FC Porto tem, para seu próprio bem, de vencer a eliminatória e apurar-se para uma competição que além de ser a enorme montra que todos reconhecem, representa 1/4 do orçamento azul e branco. O fracasso europeu do ano passado (a equipa caiu na fase de grupos) não se pode de forma alguma tornar a repetir, até porque cair na Liga Europa será quase trágico e por muito que uma vitória nesta prova seja desportivamente prestigiante (assim foi em 2002/2003 e em 2010/2011) em termos financeiros (e neste momento isso pesa muito) a competição é pouco mais do que irrelevante.

A necessidade de fazer parte da melhor competição futebolística do mundo é demasiado óbvia para os grandes clubes Portugueses. Ao contrário de SL Benfica e Sporting CP, o FC Porto, fruto da péssima época realizada no ano passado, colocou-se nesta incómoda posição de ser obrigado a uma prova de fogo ainda antes da fase de grupos começar. No fundo, este novo FC Porto é obrigado a mostrar valor já no inicio da temporada e a provar que merece o lugar entre os 32 clubes que estarão presentes na fase de grupos. O trabalho que tem sido desenvolvido pela equipa técnica e pelo corpo dirigente do clube tem sido certamente nesse sentido (nem seria lógico o contrário) e a verdade é que se constata que ao contrário de outros anos os reforços (pelo menos os principais) chegaram ao Dragão bem cedo e o treinador tem sido capaz de treinar desde o inicio (ou quase, em alguns casos) com os "craques" que pediu à direcção liderada por Pinto da Costa. O plantel portista está (até ver) quase montado e a equipa está a ser trabalhada, mas com tanto tempo que resta para o final do mercado de transferências um fracasso no apuramento para a fase de grupos da Champions League pode mudar tudo o que está a ser construído, o que seria um enorme revés para o clube. Uma não qualificação e um rombo de 1/4 do orçamento obrigaria o clube a fazer mais valias com a venda de activos, sendo assim obrigado a desmantelar parcialmente um plantel e um projecto que ainda agora começou a ser construído. 

Para que tal cenário não aconteça o FC Porto tem de eliminar os Franceses do Lille, terceiros classificados do campeonato Francês onde só não foram melhores do que os multi-milionários de Paris e do Mónaco. O Lille, treinado por René Girard, já está com a preparação bastante adiantada até porque foi obrigado a jogar a eliminatória anterior da Champions League e mantém basicamente a mesma equipa da época passada. É uma equipa bem treinada, tacticamente forte, que defende bem e se inspira na irreverência de Kalou e Origi (que grande jogador este) para provocar danos nas defesas contrárias, jogando principalmente em contra-ataque. Não se pense que são favas contadas porque os franceses são uma equipa muito competente. Para se apurar o FC Porto tem de ser sério, trabalhador, competitivo, humilde e tem que mostrar ser melhor e mais capaz do que o adversário. Deitar os foguetes antes da festa e contar as notas antes de as ter no bolso pode dar muito mau resultado. Para Lopetegui e a sua equipa só há duas hipóteses: é vencer ou vencer!

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